Conforme Jung, em seu livro “Os arquétipos e o inconsciente coletivo”, “dia e
luz são sinônimos da consciência, noite e escuridão do inconsciente”.
Apesar dos meus parcos conhecimentos sobre psicologia, com o auxílio desta,
prentendo analisar a música Shadows (sombras), do álbum In the Shadows, criada
pela banda de metal Mercyful Fate. A
música se inicia do seguinte modo:
“When
the darkness eats away the day
And
the moon bears witness to the graves”
O início da música pode ser entendido como quando o inconsciente se torna
preponderante, ao invés do consciente. O fato de a lua testemunhar os túmulos
nada mais é do que o que não pode ser visto, mesmo estando no inconsciente. Os
túmulos aqui representam o que jamais se tornará consciente, a camada mais
funda do subconsciente. A lua é a luz da noite, são os olhos de quem está no
subconsciente, mas, diferente do sol, ilumina pouco ou quase nada.
“In
the shadows we are alive
In
the shadows, the light”
Neste excerto, o narrador afirma viver no subconsciente, e afirma ver a luz
neste. Isto deve significar que ele está compreendendo o que há lá, ou o que
pode compreender.
“Can
you see the ghosts above our heads?
We
are all in there with the dead”
Aqui o narrador retorna ao tema dos túmulos, pois para que os fantasmas existam,
faz-se necessário que pessoas tenham morrido; os túmulos comprovam que pessoas
morreram no local (sim, a existência dos túmulos é duplo sentido). As
sepulturas, as quais representam a não existência de vida, parecem ser
retomadas aqui.
O fato dos fantasmas estarem acima das cabeças (“[...] above our heads”) indica
o oposto dos túmulos. Na verdade eles são opostos: natural e não natural, acima
e embaixo, vivo e morto. Fantasmas, certamente, são bem vivos, afinal, não são
inertes.
O segundo excerto insinua conhecimento não usual, o qual não pode ser adquirido
por pessoas que não veem o que existe além. Como o inconsciente guarda
conhecimentos escondidos, tal fato é natural.
“[…]In the darkness there is no holding
back
There is no gold in black”
“Na escuridão não há retorno” significa que, quando se sabe algo sobre si, não
se esquece (normalmente, ao menos), portanto não há retorno. O fato de não
haver ouro no escuro indica que não se terá recompensas além da luz/sabedoria,
adquirida das sombras/subconsciente.
“Deep in the night
Everything is clear
Clear than daylight”
Aqui é como se afirmasse que o consciente é como uma ilha e o inconsciente o
mar em volta da ilha.
“In the land of mystery we share
You can come along if you dare”
Entre no subconsciente se tiver coragem! Ou, entendido de outra forma, saiba o que
você não sabe, destrua as mentiras que contaram a você. Outro ponto relevante
é: há menos mistérios para quem não tem coragem, pois eles não se arriscam por
medo, e acabam achando que o mundo é conforme o pensamento deles, o qual é mais
estulto que a maioria dos outros modos de pensar o mundo, os modos que se
arriscam.
“We are hiding in the shadows on your wall
We are watching as you kiss your little
doll”
Aqui parece indicar que existe o que você não pode ver, mas vê; ou seja, a
escuridão, nesta você não sabe o que se esconde. O fato de beijar a pequena
boneca significa a inocência. “Você” é inocente porque não enxerga o mar (o
inconsciente).
“When the darkness leaves the night
We cannot see The Light no more
No more”
Isto é, quando o subconsciente toma o controle, o consciente nao consegue
retornar.
“We are always in the shadows by your
door”
É como se o narrador dissesse, “nós vemos o consciente, ou seja, a luz; mas
vemos além: as sombras”.
“But when the darkness leaves the night
We cannot see The Light no more”
Ele brinca (é um trocadilho) um pouco com os conceitos, pois luz tem mais de um
sentido na letra da música. Vale ressaltar que a luz é algo desejável, por
conseguinte, a letra da música revela muito mais as palavras revoltadas de
alguém que enxerga a luz escura (brinquei um pouco com o sentido também rsrs),
a fé (não só, mas ela também), como algo negativo, como a ignorância.
Creio que King Diamond não tenha pensado em tudo isso, provavelmente pensava em
outras coisas quando escreveu a música, mas é uma possível interpretação
interessante, não concorda? Como são temas universais, como escuridão, luz,
etc., é comum existirem diversas interpretações para um texto, o que, no meu ponto
de vista, o enriquece.
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