quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Resenha crítica do texto “Machado de Assis e o mundo às avessas”, de Sergio Paulo Rouanet

Em “Machado de Assis e o mundo às avessa”, texto sobre “O alienista”, Sergio Paulo Rouanet mostra sua erudição. No início, após apontar que o conto é um dos mais complexos de Machado de Assis, cita Freud, mostrando que os sonhos, assim como a literatura, têm uma hermenêutica aberta.
No segundo parágrafo, cita Augusto Meyer, informando que o crítico afirmou que o conto é uma espécie de autocaricatura de Machado. O texto referido é “Na Casa Verde”, no qual Meyer afirma, ao tratar de Machado, que “o alienista seria o seu autêntico porta-voz, a encarnação do seu pirronismo niilista e inconscientemente, por outro lado, uma autocaricatura”.
E, então, Rouanet expõe que a razão de Simão Bacamarte “é na verdade a de um pensamento que comete suicídio”, assim como Augusto Meyer em seu texto. Além disso, informa que os críticos mais modernos “procuram o sentido do texto no próprio texto, evitando a nota biográfica.
Percebe-se que a frase em que o autor expõe sobre os críticos é curta, a que vem em sequência é mais longa, a depois desta é mais longa ainda, terminando o parágrafo com uma frase mais curta. Desse modo, percebe-se um texto muito bem construído, o qual dá um ritmo confortável de leitura, não cansando o leitor.
O texto faz uma análise de “O alienista”, expondo que o conto mostra uma posição contrária à psiquiatria, à ciência e à razão oficial, além de ser contra as práticas e instituições do poder; movendo-se nos registros cognitivo e político.
Ao tratar do registro cognitivo, o autor expõe que Machado insiste que Simão Bacamarte é um grande médico, para quem tudo se subordina à ciência, ao que começa a fazer um bom resumo do conto, percebendo que Simão Bacamarte “orientou sua política de internamento segundo duas teorias sucessivas e contrárias”.
Como nota Rouanet, na primeira teoria os loucos são aqueles que não têm um perfeito equilíbrio entre suas faculdades. A aplicação desta teoria tem duas etapas; o autor descreve que na primeira são “internados apenas os desequilibrados notórios”, reconhecidos como loucos tanto pela medicina como pelo senso comum. Então, descreve os loucos dessa etapa.
Na segunda etapa da mesma teoria, o autor salienta que, apesar da loucura continuar sendo definida pelo desequilíbrio das faculdades, esse desequilíbrio não se manifestava apenas por comportamentos patológicos, “mas por hábitos que se afastassem da moralidade convencional”. Assim, supersticiosos, vaidosos, mentirosos, os poetas excessivamente imaginosos (porque suas metáforas afastam da verdade literal), entre outros, são considerados loucos.
Desse modo, o autor continua seu resumo, mostrando que Martim Brito é internado por dizer que Deus tinha ultrapassado a si mesmo ao criar D. Evarista e esta é internada porque só pensava em roupas.
            Simão, informa Rouanet, percebendo que 4/5 da população de Itaguaí fora internada, considera que sua primeira teoria estava errada, passando a defender que o desequilíbrio era normal e exemplar. A segunda teoria também passa por dois estágios. No primeiro, os antigos reclusos são soltos, dando lugar aos novos loucos, que são pessoas perfeitamente equilibradas. O tratamento era atacar a perfeição moral predominante. A cura era rápida e a Casa Verde logo ficou vazia.
            No entanto, faltava dar mais um passo na sua teoria: plus ultra, descreve o autor. Com isso, o médico se dá conta de que havia uma pessoa perfeitamente equilibrada, que era ele. Então, Simão Bacamarte se interna, o que, para Rouanet, é a única decisão coerente do médico.
            O autor dispara que não há dúvida que o “Alienista” à psiquiatria e à instituição psiquiátrica. Certamente, o autor tem razão; podemos também perceber que o conto critica as práticas e instituições de poder, a ciência e a razão. Como um exemplo do que é afirmado, pode-se citar o fato de que Simão escolhe sua mulher por causa de suas ancas largas, não porque era bonita, mas porque queria filhos. Todavia, não tem filhos. Assim, nota-se que o conto expõe que a ciência falha.
            Rouanet defende que Machado estava a par da literatura sobre psicologia e distúrbios psíquicos, corroborando com evidências apresentadas. Ademais, o autor demonstra uma leitura pormenorizada do conto, mostrando relações de “O alienista” com outros textos e elementos.
            Desse modo, escreve que Simão Bacamarte teria tido como inspiração o médico José da Cruz Jobim, senador conservador que indignara Machado de Assis ao atacar estudantes de São Paulo. De modo análogo, a Casa Verde corresponderia a uma casa localizada na Praia Vermelha, “onde ficava o Hospício D. Pedro II”. Já Itaguaí seria o Brasil.
            Na sequência do texto, o autor compara a obra “O Lapso” (1883), a qual apresenta relações com “O alienista”. Percebe-se que é uma comparação minuciosa e interessante para o leitor, pois tal obra possui muitos pontos de contato com o conto. Além disso, compara como o “Conto Alexandrino” e expõe como Machado mostra a loucura em “Memórias póstumas de Brás Cubas” e “Quincas Borba”, comparando com “O alienista”, evidenciando, assim, ser um grande conhecedor das obras machadianas.
            O autor também faz uma divisão muito conveniente de elementos tratados de “O alienista”. Desse modo, reserva um espaço de seu texto para tratar do político; descreve que os títulos dos capítulos do conto reproduzem articulações da Revolução Francesa. O capítulo 5 é o Terror, o 6 é a Rebelião e o 10 é a Restauração. Em Paris, a sequência foi a Rebelião, o Terror e a Restauração.
            Para o autor, “a inversão temporal pode ser uma forma sutil de aludir ao caráter reativo, reflexo, dos movimentos populares no Brasil, em contraste com a Europa, onde o povo tem um protagonismo originário [...]”. Nota-se o elogiável cuidado em dizer que a inversão temporal “pode ser”, não que é.
            Segundo Rouanet, “a Casa Verde é um microcosmo da sociedade exterior”; é uma instituição total, parte de um sistema de dominação autoritária que abrange toda a cidade, tendo como outras peças desse dispositivo de poder a Igreja, “representada pelo padre Lopes, a administração municipal, representada pela Câmara de Vereadores, e a classe dos proprietários, à qual pertencia o próprio Simão Bacamarte”.
            Por conseguinte, o autor nos lembra que existe uma mescla de discursos, dos quais Simão Bacamarte se apropria para ter sua autoridade enquanto médico. Este, além da ciência, tem o discurso da religião para lhe reforçar o autoritarismo. Rouanet critica os Canjicas, afirmando que são meros arruaceiros, que se subjugam à palavra do alienista, o qual diz que só presta conta de seus atos a Deus e a seus mestres, sendo estes a ciência, a razão, etc.
            Porfírio é descrito pelo texto de Rouanet como um demagogo vulgar, que tem retórica vazia; também mostra o caráter vil da personagem, a qual tem como móvel a sede de poder, o que acaba alcançando por um tempo. No entanto, trai o povo que o elevara a essa posição.
            Expõe o autor que, no registro cognitivo, o leitor é forçado a concluir que a razão do alienista é louca; e, perspicazmente, nota que não tem sequer o consolo de idealizar a loucura, considerando-a um modo de acesso à sabedoria verdadeira.
             O mundo às avessas, o qual dá nome ao texto, é referido como o “antigo topos da cultura ocidental”. Ou seja, era uma inversão da ordem natural das coisas, onde “os meninos eram mais sábios que os mais velhos, os lobos fugiam das ovelhas”, etc. Segundo o autor, na origem do duplo ceticismo, cognitivo e político, transperece em o “Alienista” tal inversão. Ademais, trata com eloquência sobre “O Elogia da loucura” de Erasmo, defendendo que este melhor aborda o tema da inversão.
            Uma das partes mais interessantes de seu texto é quando escreve que, se vemos Simão Bacamarte como um louco, concordamos com o diagnóstico que este faz sobre si mesmo, dando crédito ao seu autodiagnóstico, mas não podemos dar crédito por vir de um louco, etc. num regresso infinito. Além disso, o autor também defende que a inspiração do registro político pode ter vindo de um conto de Edgar Allan Poe.
            Por fim, no último parágrafo de seu texto, escreve que “o mundo às avessas é cíclico e as posições na roda da vida se revezam continuamente”*.
           
Referências:

ROUANET, Sergio Paulo. Machado de Assis e o mundo às avessas. Marta de Senna (Org.). Rio de Janeiro: Edições Casa de Rui Barbosa, 2008.

At the beggining

Pois é, um novo dia começa. É sempre assim, não é? Mas estou gostando deste. A luz do oriente brilhou. Venceremos. O ocaso é só o começo, se lembre disto. Nós estamos no começo de nossa jornada. A roda do tempo já iniciou. A visão de conjunto é mais importante, esqueça este pedaço. Progressão, ritmo. Este é o resumo.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Transgressão

Com seu manto, ele toca violoncelo. Ela toca violino. Ambos no mesmo ritmo. Ele com roupas escuras, assim como ela.
Ora, ora. Queria ver roupas brancas!
O vermelho do coração de chocolate se parte numa ilusão bem feitora. Os picos dos arranha céus dos Estados Unidos surgem. A sociedade progride.
E transgride.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Sobre os vadios

É um grande problema ser um vadio. O vadio, como não tem o que fazer, se entrega ao pensar; o pensar nem sempre é positivo, o raciocínio induz ao erro; e induz ao nonsense. Quem procura acha.

Natureza renascida

Novos cenários à vista. O final exige prudência. Consciência do perigo é essencial.
Eu vejo arbustos, belas árvores com folhas vermelhas, belos canteiros. As sombras se dissiparam. Satanás ficará triste. Novos caminhos surgem. O mar de Sargasso morreu. Deus me ajudou. Não devo me apegar aos problemas, reaprendi esta importante lição a pouco tempo. A felicidade penetra meu espírito, mas ainda preciso combater a preocupação. O ar puro e a luz me abraçam. Os gênios se enganaram, não se encontra a verdade usando-se apenas o lado esquerdo do cérebro, apenas o masculino. O equilíbrio mostrá-la-á.
Arigato!

domingo, 15 de novembro de 2015

naturoma

Alice caiu de um tubo. "Alô?" perguntava Mário. O reino animal constituía a saída. Em um momento, João Romão se apoderou de Alice numa fusão de corpos, numa esfregação com as tetas dela, num suor saboroso.
A menina olhava para o mancebo, que afagava com os olhos carinhosamente sua figura. Algo tão metafísico. O corpo por sob a cassa. A delicada moça o queria bem.
E então João estava em seu estágio final, com força. Alice tinha a boca aberta, mugia.
- Senhor, é um prazer tê-lo em minha casa - dizia a gentil moça dos cabelos com voltas de oiro.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Wait but why?

O bobo da corte entrou no castelo. Um crocodilo dorme naquele lago. A lua brilha e brilhará e brilhou. Na sequência. O que acontecerá primeiro? Aquela nuvem densa lá no céu, tenho certeza que diz algo sobre mim. A paródia. Sentido infinito. Lábios telúricos. Carne selvagem, escarlate, apaziguada, mistificada agora. Coberta. enpozificada. Trabalhada. torturada. Tartarugas e seus ovos, onde vão chegar?
Voltemos ao bobo. Wait but why? O lobo comeu um animal que não dá pra ver direito, talvez um coelho marrom. Ele anda perto do castelo, onde rochas ouvem seus uivos e sua mente faz todo o sentido. Rugir. A razão de existir. Me perdoe, santo Expedito. As águas vão brilhar um pouco mais longe de onde o lobo está. A noite o abocanha. O preto no cinza claro.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Rosa

A minha cor, aquela que vocês me proibiram de gostar. Eu só queria ter tido aqueles brinquedos, rosas. Tão charmoso. Nunca perceberam que não tem problema. Mas agora percebo melhor. E me reprimo.
Rosas tu eras,
o que disseras
ignorado foi,
agora não se vê

Meu fluxo de consciência talvez seja bom talvez

Tenho o computador na minha frente. Espero carregar.
Olho para o teclado. Olho o B.
Batata frita do restaurante faz mal. Talvez fique saudável frito em óleo de girassol. Talvez. Uma música toca ao meu lado. Fala "b a t", "m a m". Batman, aquele herói da que não está nos filmes da marvel. Que comprou suas habilidades. Aquele falso. Riquinho. Lembro de um filme de Riquinho, o cabelo dele é metade formal, metade embaraçoso. A música continua. Eu não sei a letra. Eu não sei tantas coisas amanhã será um novo dia, talvez não dê tempo de entregar o quase lá não sei o que é verdade tantas coisas não sei não sei a letra a. A nuca coçou.
A wasted life, the song is in English
Quase lá
se eu ao menos soubesse o que meu subconsciente quer dizer com quase lá será que?... tomara amanhã aula amanhã depois imprimir que coisa nossa testa não cabeça cérebro oh que frequÊncia será que eu a amava acho que sim é isso o amor? talvez eu sempre digo talvez talvez amanhã futuro sempre o futuro não é estou me complicando pensei errado não sei se está certo pensar... claro que está tem que não pode estar errado eu me contradisse ou e u concordei
queria ser como Rihana, não sei direito quem é Rihana, é uma cantora pop eu acho eu acho a dúvida quanta dúvida talvez eu lembrei daquela história do lago e do menino cantora negra, negra? não sei
lembrei do meu blog o desconhecido transmuta tanta coisa lá e tanta por fazer amanhã eu sempre... o amanhã não me sai da cabeça estou certo ou errado?
Eu digito.

domingo, 4 de outubro de 2015

Flua

O menino sentado, assistia ao crepúsculo. Oh, tão belo é o sol, que se levanta com seu brilho ainda apagado! A lição de casa tinha para fazer ainda, que incômodo! O lago ondulava com a folha que caiu e com o ganso que nadou. A correnteza fluia. Ainda tinha que escrever uma página para entregar! Oh, que vida exigente!

segunda-feira, 1 de junho de 2015

A cor

O submundo ficou claro, e escuro, e claro. A lua ficou marrom. E azul. Dói quando a cor muda.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Megalomania

A humanidade não passa de um monte de rato em um planeta. É ridículo: são cerca de 7 bilhões de cabeças diferentes e, entre elas, cerca de 99% acredita conhecer os grandes mistérios do universo; quanta arrogância! Este texto é para você que crê em um livro supostamente sagrado ou acredita piamente no Big Bang. Nada é verdade e eu sou um megalomaníaco rindo de sua ignorância; eu piso nela, a esmago. Eu a desdenho. Desdenho a maior parte desses seres humanos idiotas. E eu sinto que minha escrita está pior, deve ser influência desses tolos, esqueci de me aquecer através dos grandes autores por um período de tempo pequeno e já foi suficiente. Minha vontade de pisar em vocês permanece.