Quando você lê muito livros de auto-ajuda, você acaba se tornando alguém que você não é, alguém diferente e isso o torna antinatural.
Espera, como é???
Que besteira! Não dá para ser você mesmo; se alguém se tornar seu verdadeiro eu, se tornará um animal preguiçoso e vagabundo. Alguém que busca apenas suas necessidades básicas. O mundo está cheio de eus criados e não autênticos, mas é esse o resultado de mentes racionais guiada por ideias. É assim que funcionamos e os livros de auto-ajuda podem não ser tão ruins assim.
terça-feira, 26 de dezembro de 2017
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
Nostalgia
Eu quero retornar àquele tempo em que minha inocência brilhava, em que eu assistia as novelas da globo e as via com bons olhos. Eu quero o mar. As saudades de algo que nem era tão bom apertam este coração. Eu só quero o amor no fim. Naquele tempo eu não tinha este ódio, ou ele estava adormecido. Eu quero o mar. Amar as saudades e amar as novas pessoas que surgiram na minha vida. Amar o novo.
sábado, 18 de novembro de 2017
Tempos idos
O demiurgo tirou uma costela de Adão. "Eva, estás tão linda", Adão diria depois. E este é o começo dos corações quebrados. Este é o começo dos corações...
domingo, 22 de outubro de 2017
sexta-feira, 13 de outubro de 2017
I need the light
you make my peace go away. What's happening to me? Why do I fear so much? Fear embraces me. I hate you fear. I dread. I dread you. I wanna remain and I fear to lose. I'm in great suffering. Help!!!
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
Um pensamento desconcertante
Eu crio pincéis para colorir o mundo ignoto das drogas
Faço as drogas terem a cor do seu umbigo
Reverto a água em vinho, transformo pedra em pão
E também sei escolher qual astro melhor combina com seu padrão
Sua linguagem estúpida não reconhece a maravilha da criação
Portanto, não se incomode ao ler isto (como se eu me importasse)
Veja tudo como uma grande queda (como a casa de Usher)
Porque eu estudo todos os grandes detalhes dessa construção
É de conhecimento comum que Lázaro sabia como mentir
Mas isso não importa, pois a vida dele era como a de um pássaro
O morno do céu estava a afagar este animal engaiolado
Não se preocupe se ele se voltar contra seu próprio criador
Faço as drogas terem a cor do seu umbigo
Reverto a água em vinho, transformo pedra em pão
E também sei escolher qual astro melhor combina com seu padrão
Sua linguagem estúpida não reconhece a maravilha da criação
Portanto, não se incomode ao ler isto (como se eu me importasse)
Veja tudo como uma grande queda (como a casa de Usher)
Porque eu estudo todos os grandes detalhes dessa construção
É de conhecimento comum que Lázaro sabia como mentir
Mas isso não importa, pois a vida dele era como a de um pássaro
O morno do céu estava a afagar este animal engaiolado
Não se preocupe se ele se voltar contra seu próprio criador
I'm a fucked badass
Pick up some random thoughts, pick up
Click, click, I'm killing
Think, be clear
Eu escrevo poemas para matar o mal
Eu escrevo porque eu quero sobreviver
A este mal que me consome
Eu, eu, eu, eu, eu, eu, é tudo sobre mim
Eu quero achar uma fresta na sua janela
Para entrar na sua janela
Mesmo que você não queira
Eu farei o que eu quiser lá dentro
Como um ladrão
Como um psicopata
Eu entro onde eu gosto
Eu só me dou bem nesta vida
Porque eu busco o que os idiotas não percebem ser óbvio
Eu busquei foder a posteriori
Eu não quero a sua ajuda
Eu tenho a minha
Então pegue a sua muleta
E suma daqui
Eu sou uma víbora
Não preciso ser humano
Posso comer os ossos de qualquer um
Sem remorsos, é isso o que as víboras fazem
Comece a desacreditar
E terá um fim catastrófico
Eu temo, preciso acreditar
Mais uma gota no oceano
Vou criar o que eu quiser
Quem você pensa que é para me dizer o que fazer?
Você é só uma sombra maldita
Alojada na minha alma fodida e neurótica
Eu não quero a sua amizade
Eu preciso do mundo falso das drogas reversas
Toda essa porcaria de autoajuda
Para reverter a crise epidêmica do interior
Click, click, I'm killing
Think, be clear
Eu escrevo poemas para matar o mal
Eu escrevo porque eu quero sobreviver
A este mal que me consome
Eu, eu, eu, eu, eu, eu, é tudo sobre mim
Eu quero achar uma fresta na sua janela
Para entrar na sua janela
Mesmo que você não queira
Eu farei o que eu quiser lá dentro
Como um ladrão
Como um psicopata
Eu entro onde eu gosto
Eu só me dou bem nesta vida
Porque eu busco o que os idiotas não percebem ser óbvio
Eu busquei foder a posteriori
Eu não quero a sua ajuda
Eu tenho a minha
Então pegue a sua muleta
E suma daqui
Eu sou uma víbora
Não preciso ser humano
Posso comer os ossos de qualquer um
Sem remorsos, é isso o que as víboras fazem
Comece a desacreditar
E terá um fim catastrófico
Eu temo, preciso acreditar
Mais uma gota no oceano
Vou criar o que eu quiser
Quem você pensa que é para me dizer o que fazer?
Você é só uma sombra maldita
Alojada na minha alma fodida e neurótica
Eu não quero a sua amizade
Eu preciso do mundo falso das drogas reversas
Toda essa porcaria de autoajuda
Para reverter a crise epidêmica do interior
Just a viper
I'm "like a viper, like a viper"
"I'm as fake as a wedding cake"
I have a 1000 faces
I disguise in the mood
I pretend to be your boss
I act like a monster, like a monster
I'm as sweet as honey
Like a viper, like a viper
I pretend to like you
Let's pick some not random face
Like a viper, like a viper
I don't hate anyone
I use everybody
Like a viper, like a viper
I am your best friend
I am the best person
In your mind, just in your mind
I just get feeling I need to feel stronger than you
I just pick the girl I wanna persuade
I'm a viper, I'm a viper
"I'm as fake as a wedding cake"
I have a 1000 faces
I disguise in the mood
I pretend to be your boss
I act like a monster, like a monster
I'm as sweet as honey
Like a viper, like a viper
I pretend to like you
Let's pick some not random face
Like a viper, like a viper
I don't hate anyone
I use everybody
Like a viper, like a viper
I am your best friend
I am the best person
In your mind, just in your mind
I just get feeling I need to feel stronger than you
I just pick the girl I wanna persuade
I'm a viper, I'm a viper
my desire
eu quero um amor para poder foder todo dia, I want your pussy, I'm thirsty, I need your pussy right now, I'm craving, but you're not here right now. Will be, I'll be waiting.
quinta-feira, 21 de setembro de 2017
The sons of the poor
We are the sons of the poor
We have nothing but ourselves to count
And we're in a romance with the grave
But we believe in shit they say
We suffer from cruel hunger
And never have what we want
And yet we're happy
But broken by the system
We swallow your products
And we don't even think about it
We almost never think
So you're free to create our disgrace
We just need to identify with each other
And the disgrace is not spotted
You know, in the bleak of september
Nothing better than someone creating adventures
But we have heads full of shit
We're disposable and unloved
Our hearts don't even exist
They were crashed into tiny little pieces
Through time we learned bad things
We smoke and drink
Although we cannot have it whenever we want
Because we are the sons of the poor
We have nothing but ourselves to count
And we're in a romance with the grave
But we believe in shit they say
We suffer from cruel hunger
And never have what we want
And yet we're happy
But broken by the system
We swallow your products
And we don't even think about it
We almost never think
So you're free to create our disgrace
We just need to identify with each other
And the disgrace is not spotted
You know, in the bleak of september
Nothing better than someone creating adventures
But we have heads full of shit
We're disposable and unloved
Our hearts don't even exist
They were crashed into tiny little pieces
Through time we learned bad things
We smoke and drink
Although we cannot have it whenever we want
Because we are the sons of the poor
quinta-feira, 7 de setembro de 2017
baaaah
Spook on babe, honey. Big, big, big, that big river! Besides the suicidal thoughts, I live well. The people here drink lots of beer, they are crazy. Bring me the water. Bunch of nonsense! I had nothing to say, babe. And nothing makes sense, as always. Very, very crazy. Drink some poison to die. I wish I could. There's no right or wrong, there's me and you.
quarta-feira, 16 de agosto de 2017
Análise intrínseca do conto William Wilson, de Edgar Allan Poe
O presente trabalho tem como objetivo realizar a análise intrínseca do conto de Edgar Allan Poe, William Wilson.
Verificar-se-á, nas diversas nuances de sua constituição, como todo o enredo se constitui de um personagem complexo, o protagonista, e como este descobre ser o carrasco de si mesmo. Ele também será morto por ele mesmo, tal paradoxo constitui o clímax.
O enredo difere da estória, esta se inicia quando Wilson conhece seu homônimo na escola, aquela quando ele está prestes a morrer. A personagem principal, William Wilson, pode ser considerada
O enredo do conto William Wilson se inicia com este tendo uma página em branco na sua frente, na qual narrará suas intempéries. O enredo se inicia no desfecho do conto, pois o narrador afirma que a morte se aproxima.
A partir daí contará sobre sua escola e a descreverá, e narrará que foi durante esses cinco anos que passou na escola que conheceu seu homônimo.
A estória tem início quando um rapaz de dez anos conhece na escola alguém em tudo idêntico a si, exceto a voz, que a tem como um sussurro muito baixo. Este sempre dava conselhos para o narrador, que lhe davam ódio cordial e desprezo.
Após uma discussão entre eles, na última noite da escola, o narrador tenta pregar uma peça de mau gosto no seu rival, mas, para o fracasso do plano, o adormecido acorda, colocando-o em contemplação da fisionomia que era idêntica à sua, o que não notava em período de vigília dele.
Ele entra, depois de deixar a escola, em desregramentos. Durante uma orgia, um criado disse que alguém tinha pressa em falar com ele. Era alguém que falava baixo, o que permite dizer que era seu homônimo, que disse “William Wilson!” segurando se braço, causando espanto a ele, desaparecendo em seguida.
Em Oxford entregou-se à vontade ao luxo. Esbanjou na universidade. Começou a roubar vilmente no jogo de cartas. Os parasitas bajulavam-no.
Wilson ilude Glendinning deixando-o ganhar somas consideráveis para prendê-lo numa armadilha. Quando esta se armou para acontecer, no apartamento de Preston, tem o cuidado de convidar um grupo de pessoas.
Prolongaram a vigília e, tarde da noite, consegui fazer de Glendinning seu único adversário. O jogo era o écarté. O Parvenu, induzido a beber, distribuía as cartas nervosamente. Já era devedor de uma grande soma, e fez o que o narrador já havia previsto: propôs que dobrassem a parada. Wilson dissimulou
relutância e só depois de recusas repetidas acedeu. Em menos de uma hora a vítima quadruplicou a dívida.
Wilson percebia, atônito, a palidez terrível no rosto de Glendinning. Quando Wilson ia insistir para interromper o jogo para salvaguardar seu caráter aos olhos dos camaradas, mas uma exclamação de Glendinning e algumas palavras ditas do lado de Wilson fizeram com que este compreendesse que o levara à ruína.
A tristeza pairava e olhares de desprezo eram dirigidos, por parte de alguns, para Wilson. Nesse contexto, o homônimo entra (ambos usando uma capa), e desmascara Wilson, revela a trapaça. Revistaram-no e acharam as cartas escondidas que o tornavam culpado.
O anfitrião fez com que Wilson saísse do apartamento. Ele colocou a capa do homônimo, que estava no chão e Preston lhe dava, sem que ninguém prestasse atenção, sobre a sua. Ele fugiu, mas o seu carrasco lhe perseguiu em todos os lugares, se interpondo entre sua má índole.
Abandonou-se ao vinho.
Em Roma, durante o carnaval, estava num baile à fantasia, no palácio do Duque Di Broglio, de Nápoles. Não estava sóbrio. Ele procurava a esposa do velho Di Broglio, que havia lhe revelado a fantasia com que iria. O homônimo, quando Wilson se apressava para alcançá-la, tocou lhe tocou no ombro e lhe sussurrou no ouvido.
Em cólera, o narrador o pega e o leva para uma pequena antecâmara vizinha, matando-o rapidamente. Um vasto espelho apareceu e, enquanto se dirigia para ele, viu o próprio rosto pálido e manchado de sangue. Mas não era ele, era seu adversário. Wilson concluiu que seu rival era idêntico a ele.
O rival diz para ele que o matou mas também se matou, que assassinou a si mesmo.
Poe nos coloca, antes do conto chamado William Wilson, uma citação: “Que dirá ela? Que dirá a terrível consciência, aquele espectro no meu caminho?” (Chamberlain – Pharronida). A partir disso deduz-se, naturalmente, após a leitura do conto, que não existem dois personagens chamados William Wilson, mas que o que tinha voz baixa era a consciência da personagem. O espectro no caminho não é mais do que o Wilson carrasco do narrador.
O narrador é o único que percebe o seu rival, as outras personagens em momento algum se referem ao outro Wilson. Também questiona-se se o narrador sabe exatamente o que está narrando, o que fica claro no seguinte trecho: “Encontrava agora alguns motivos para duvidar do testemunho de meus sentidos e raramente me lembrava da aventura sem admirar-me de quão longe pode ir a credulidade humana, e sem sorrir da prodigiosa força de imaginação que havia herdado de minha família.”(POE, P.97). Se ele havia herdado uma
imaginação grande, logo é natural que tenha imaginado que outro como ele existira, mas que na verdade não passava de sua própria consciência.
Outro trecho também é revelador: “Na verdade não terei vivido num sonho?”(POE, p.86).
Portanto, o que o texto nos leva a crer, é que Wilson vê outrem igual a si, exceto pela voz, mas que é ele próprio. É como se houvesse o Wilson desregrado, o qual narra o conto, e o Wilson com boa conduta, a consciência.
Outro fato relevante é a voz do outro Wilson, se ele tem uma voz fraca, então o que predomina é o oposto à consciência. E se seus valores morais eram suprimidos por sua natureza atrelada aos vícios, logo é natural que Wilson veja o seu rival como conselheiro, moralista, como seu carrasco.
O desfecho também é revelador, na fala do “rival”: “ ...vê em minha morte, vê por esta imagem, que é a tua, como assassinaste a ti mesmo.”(POE, p.107). Entretanto, mesmo nesse momento, o narrador não percebe que é ele mesmo, afirma que “teria sido possível acreditar que eu próprio falava...”, embora entreveja a verdade, só entreve, não supera a loucura ou imaginação fértil que lhe engana.
William Wilson é a personagem principal, sem as suas ações seria impossível o desenvolvimento e a constituição do conflito dramático, salientadamente pelo fato dele lutar contra uma parte de si mesmo durante a estória. Ele se caracteriza por ações previsíveis, desde o início do conto já se mostra como alguém com tendências más, portanto o que se espera desse personagem é que se entregue a vícios, mate, roube. Ele também se caracteriza com um temperamento imaginativo e facilmente impressionável, portanto é de se esperar que ele crie fantasias atreladas à sua vida, que crie outro Wilson à sua imagem e semelhança, mas que seja sua própria consciência. Se ele é facilmente impressionável, é natural que não perceba, nem mesmo no fim de sua vida, que sua consciência lhe diz que matara a si mesmo. Na escola, a consciência de Wilson competia com ele nos estudos,
O diretor Bransby é uma personagem redonda, é admirado pelo narrador, é um padre e um diretor, tem um rosto benigno e modesto, roupa bem escovada, mas surpreende quando é descrito como alguém muito severo, com roupa manchada.
Glendinning pode ser considerado como plana com tendência a redonda, apesar de sua inteligência baixa, o que permite que seja enganado, surpreende o leitor quando demonstra que está arruinado.
O foco narrativo, seguindo a classificação de Friedman (1995), é chamado de narrador protagonista. O conto é narrado em primeira pessoa, limitando-se ao registro dos pensamentos, percepções e sentimentos da personagem. Não poderia ser onisciente, pois se questiona se não teria vivido num sonho, logo duvida, portanto não sabe tudo; também não poderia ser “eu” como
testemunha porque não narra numa posição secundária. Ele é o protagonista da história narrada.
A intriga do texto pode ser definida como moralidade x imoralidade. Se Wilson não tivesse uma consciência que lhe prejudicasse, não haveria morte, não haveria conflito.
O clímax se dá quando Wilson mata, com a energia e o poder da multidão, seu verdugo, é quando o conflito atinge seu grau máximo.
O ato do narrador de ignorar os conselhos é o que desencadeia a ação.
Personagem: William Wilson que fala baixo: parece onipotente e onipresente aos olhos do narrador parasitas: tipo Glendinning: rico, de inteligência fraca; por isto é plana, não surpreende desconfiando da armadilha Preston: íntimo de Wilson e de Glendinning
Paradoxo: Existem dois William Wilson, mas são o mesmo. Tornou-se sóbrio.
Referência: Poe, E. A. (1965) “William Wilson”, Ficção Completa, Poesia & Ensaios. Trad. Oscar Mendes. Rio de Janeiro, Aguilar, p. 258-274
Verificar-se-á, nas diversas nuances de sua constituição, como todo o enredo se constitui de um personagem complexo, o protagonista, e como este descobre ser o carrasco de si mesmo. Ele também será morto por ele mesmo, tal paradoxo constitui o clímax.
O enredo difere da estória, esta se inicia quando Wilson conhece seu homônimo na escola, aquela quando ele está prestes a morrer. A personagem principal, William Wilson, pode ser considerada
O enredo do conto William Wilson se inicia com este tendo uma página em branco na sua frente, na qual narrará suas intempéries. O enredo se inicia no desfecho do conto, pois o narrador afirma que a morte se aproxima.
A partir daí contará sobre sua escola e a descreverá, e narrará que foi durante esses cinco anos que passou na escola que conheceu seu homônimo.
A estória tem início quando um rapaz de dez anos conhece na escola alguém em tudo idêntico a si, exceto a voz, que a tem como um sussurro muito baixo. Este sempre dava conselhos para o narrador, que lhe davam ódio cordial e desprezo.
Após uma discussão entre eles, na última noite da escola, o narrador tenta pregar uma peça de mau gosto no seu rival, mas, para o fracasso do plano, o adormecido acorda, colocando-o em contemplação da fisionomia que era idêntica à sua, o que não notava em período de vigília dele.
Ele entra, depois de deixar a escola, em desregramentos. Durante uma orgia, um criado disse que alguém tinha pressa em falar com ele. Era alguém que falava baixo, o que permite dizer que era seu homônimo, que disse “William Wilson!” segurando se braço, causando espanto a ele, desaparecendo em seguida.
Em Oxford entregou-se à vontade ao luxo. Esbanjou na universidade. Começou a roubar vilmente no jogo de cartas. Os parasitas bajulavam-no.
Wilson ilude Glendinning deixando-o ganhar somas consideráveis para prendê-lo numa armadilha. Quando esta se armou para acontecer, no apartamento de Preston, tem o cuidado de convidar um grupo de pessoas.
Prolongaram a vigília e, tarde da noite, consegui fazer de Glendinning seu único adversário. O jogo era o écarté. O Parvenu, induzido a beber, distribuía as cartas nervosamente. Já era devedor de uma grande soma, e fez o que o narrador já havia previsto: propôs que dobrassem a parada. Wilson dissimulou
relutância e só depois de recusas repetidas acedeu. Em menos de uma hora a vítima quadruplicou a dívida.
Wilson percebia, atônito, a palidez terrível no rosto de Glendinning. Quando Wilson ia insistir para interromper o jogo para salvaguardar seu caráter aos olhos dos camaradas, mas uma exclamação de Glendinning e algumas palavras ditas do lado de Wilson fizeram com que este compreendesse que o levara à ruína.
A tristeza pairava e olhares de desprezo eram dirigidos, por parte de alguns, para Wilson. Nesse contexto, o homônimo entra (ambos usando uma capa), e desmascara Wilson, revela a trapaça. Revistaram-no e acharam as cartas escondidas que o tornavam culpado.
O anfitrião fez com que Wilson saísse do apartamento. Ele colocou a capa do homônimo, que estava no chão e Preston lhe dava, sem que ninguém prestasse atenção, sobre a sua. Ele fugiu, mas o seu carrasco lhe perseguiu em todos os lugares, se interpondo entre sua má índole.
Abandonou-se ao vinho.
Em Roma, durante o carnaval, estava num baile à fantasia, no palácio do Duque Di Broglio, de Nápoles. Não estava sóbrio. Ele procurava a esposa do velho Di Broglio, que havia lhe revelado a fantasia com que iria. O homônimo, quando Wilson se apressava para alcançá-la, tocou lhe tocou no ombro e lhe sussurrou no ouvido.
Em cólera, o narrador o pega e o leva para uma pequena antecâmara vizinha, matando-o rapidamente. Um vasto espelho apareceu e, enquanto se dirigia para ele, viu o próprio rosto pálido e manchado de sangue. Mas não era ele, era seu adversário. Wilson concluiu que seu rival era idêntico a ele.
O rival diz para ele que o matou mas também se matou, que assassinou a si mesmo.
Poe nos coloca, antes do conto chamado William Wilson, uma citação: “Que dirá ela? Que dirá a terrível consciência, aquele espectro no meu caminho?” (Chamberlain – Pharronida). A partir disso deduz-se, naturalmente, após a leitura do conto, que não existem dois personagens chamados William Wilson, mas que o que tinha voz baixa era a consciência da personagem. O espectro no caminho não é mais do que o Wilson carrasco do narrador.
O narrador é o único que percebe o seu rival, as outras personagens em momento algum se referem ao outro Wilson. Também questiona-se se o narrador sabe exatamente o que está narrando, o que fica claro no seguinte trecho: “Encontrava agora alguns motivos para duvidar do testemunho de meus sentidos e raramente me lembrava da aventura sem admirar-me de quão longe pode ir a credulidade humana, e sem sorrir da prodigiosa força de imaginação que havia herdado de minha família.”(POE, P.97). Se ele havia herdado uma
imaginação grande, logo é natural que tenha imaginado que outro como ele existira, mas que na verdade não passava de sua própria consciência.
Outro trecho também é revelador: “Na verdade não terei vivido num sonho?”(POE, p.86).
Portanto, o que o texto nos leva a crer, é que Wilson vê outrem igual a si, exceto pela voz, mas que é ele próprio. É como se houvesse o Wilson desregrado, o qual narra o conto, e o Wilson com boa conduta, a consciência.
Outro fato relevante é a voz do outro Wilson, se ele tem uma voz fraca, então o que predomina é o oposto à consciência. E se seus valores morais eram suprimidos por sua natureza atrelada aos vícios, logo é natural que Wilson veja o seu rival como conselheiro, moralista, como seu carrasco.
O desfecho também é revelador, na fala do “rival”: “ ...vê em minha morte, vê por esta imagem, que é a tua, como assassinaste a ti mesmo.”(POE, p.107). Entretanto, mesmo nesse momento, o narrador não percebe que é ele mesmo, afirma que “teria sido possível acreditar que eu próprio falava...”, embora entreveja a verdade, só entreve, não supera a loucura ou imaginação fértil que lhe engana.
William Wilson é a personagem principal, sem as suas ações seria impossível o desenvolvimento e a constituição do conflito dramático, salientadamente pelo fato dele lutar contra uma parte de si mesmo durante a estória. Ele se caracteriza por ações previsíveis, desde o início do conto já se mostra como alguém com tendências más, portanto o que se espera desse personagem é que se entregue a vícios, mate, roube. Ele também se caracteriza com um temperamento imaginativo e facilmente impressionável, portanto é de se esperar que ele crie fantasias atreladas à sua vida, que crie outro Wilson à sua imagem e semelhança, mas que seja sua própria consciência. Se ele é facilmente impressionável, é natural que não perceba, nem mesmo no fim de sua vida, que sua consciência lhe diz que matara a si mesmo. Na escola, a consciência de Wilson competia com ele nos estudos,
O diretor Bransby é uma personagem redonda, é admirado pelo narrador, é um padre e um diretor, tem um rosto benigno e modesto, roupa bem escovada, mas surpreende quando é descrito como alguém muito severo, com roupa manchada.
Glendinning pode ser considerado como plana com tendência a redonda, apesar de sua inteligência baixa, o que permite que seja enganado, surpreende o leitor quando demonstra que está arruinado.
O foco narrativo, seguindo a classificação de Friedman (1995), é chamado de narrador protagonista. O conto é narrado em primeira pessoa, limitando-se ao registro dos pensamentos, percepções e sentimentos da personagem. Não poderia ser onisciente, pois se questiona se não teria vivido num sonho, logo duvida, portanto não sabe tudo; também não poderia ser “eu” como
testemunha porque não narra numa posição secundária. Ele é o protagonista da história narrada.
A intriga do texto pode ser definida como moralidade x imoralidade. Se Wilson não tivesse uma consciência que lhe prejudicasse, não haveria morte, não haveria conflito.
O clímax se dá quando Wilson mata, com a energia e o poder da multidão, seu verdugo, é quando o conflito atinge seu grau máximo.
O ato do narrador de ignorar os conselhos é o que desencadeia a ação.
Personagem: William Wilson que fala baixo: parece onipotente e onipresente aos olhos do narrador parasitas: tipo Glendinning: rico, de inteligência fraca; por isto é plana, não surpreende desconfiando da armadilha Preston: íntimo de Wilson e de Glendinning
Paradoxo: Existem dois William Wilson, mas são o mesmo. Tornou-se sóbrio.
Referência: Poe, E. A. (1965) “William Wilson”, Ficção Completa, Poesia & Ensaios. Trad. Oscar Mendes. Rio de Janeiro, Aguilar, p. 258-274
Resenha crítica do texto Foco Narrativo, Tempo e Espaço em A Paixão Segundo G.H.
Oliveira inicia seu texto tratando do enredo de A Paixão Segundo G.H., em que G.H., a escultora, recapitula para si própria os acontecimentos do dia anterior ao do começo da narrativa, no momento em que decide arrumar o seu apartamento. A arrumação começa pelo quarto de Janair, o qual, para surpresa de G.H., está limpo; no entanto, surge uma barata do guarda-roupa, que é amassada pela personagem, mas acaba sendo comida por ela. Oliveira resume esses acontecimentos de forma clara e bem organizada.
Além de resumir o enredo, Oliveira se preocupa em pensar como as personagens de Clarice Lispector são construídas, mostrando que quase todas as personagens da autora são “tipos, abstrações, porta vozes para a discussão metafísica, antes que as personagens complexas, realistas, da ficção do século XIX”. Oliveira também alude a G.H., que fala de si como alguém que não tivesse existência real, o que é embasado por citações da obra: “[...] uma vida inexistente me possuía toda e me ocupava como uma invenção”. Assim, o texto nos mostra que a personagem é definida mais pela ausência, pelo que não é; também nos mostra que G.H. julga que só é possível um verdadeiro contato com a realidade quando não se tem interpretação, fórmulas ou tentativas de explição, novamente partindo de citações da obra.
A autora discorre que G.H. tenta dar a ilusão de uma multiplicidade de pontos de vista, pois só uma visão múltipla e variável poderia conduzir a uma visão válida da realidade para a personagem. Assim, segundo a autora, a narrativa “tem de conciliar o relato na primeira pessoa, responsável pela impressão de unificação, com a ilusão do ponto de vista múltiplo”. Se referindo a G.H., Oliveira nota que em algumas vezes, o “eu” se transforma em “ela”, exemplificando com os seguinte trecho: “levantei-me enfim da mesa do café – essa mulher”.
O texto também trata do problema do tempo e A Paixão Segundo G.H., o qual“expande-se e contrai-se como uma sanfona, dependendo dos efeitos estéticos visados pela estrutura narrativa”. No entanto, o discurso continua, enquanto, no universo ficcional, o tempo parece estacar, ou seja, nada acontece quando G.H. fica entre o pé da cama e a porta do armário diante da barata. Desse modo, a mente de G.H. volta ao passado (tanto seu quanto do homem e do planeta), mas também volta-se para o futuro, para o retorno do cotidiano, quando sua epifania já se fora.
Em relação ao espaço, a autora afirma que é evidente uma localização ambivalente, visto que “o apartamento de G.H. está, ao mesmo tempo, no Rio de Janeiro, cidade de seiscentos mil mendigos, em todos os lugares e em parte alguma, ao lado da caverna e em parte alguma, ao lado da caverna dos trogloditas, como na selva de pedra carioca”. Oliveira discorre que o monólogo desenvolvido por G.H. se dá não tanto no apartamento, mas nos escombros da civilização: “o edifício que ela sente prestes a desabar é todo o mundo ocidental, ameaçado de um holocausto nuclear”.
Em suma, o texto de Oliveira apresenta uma análise contundente, destacando aspectos importantes da obra, como o fato da barata ser escolhida como metáfora por seu um dos “insetos fósseis alados” mais primitivos, além de tratar com objetividade e citando trechos da obra para tratar de foco narrativo, tempo e espaço.
Além de resumir o enredo, Oliveira se preocupa em pensar como as personagens de Clarice Lispector são construídas, mostrando que quase todas as personagens da autora são “tipos, abstrações, porta vozes para a discussão metafísica, antes que as personagens complexas, realistas, da ficção do século XIX”. Oliveira também alude a G.H., que fala de si como alguém que não tivesse existência real, o que é embasado por citações da obra: “[...] uma vida inexistente me possuía toda e me ocupava como uma invenção”. Assim, o texto nos mostra que a personagem é definida mais pela ausência, pelo que não é; também nos mostra que G.H. julga que só é possível um verdadeiro contato com a realidade quando não se tem interpretação, fórmulas ou tentativas de explição, novamente partindo de citações da obra.
A autora discorre que G.H. tenta dar a ilusão de uma multiplicidade de pontos de vista, pois só uma visão múltipla e variável poderia conduzir a uma visão válida da realidade para a personagem. Assim, segundo a autora, a narrativa “tem de conciliar o relato na primeira pessoa, responsável pela impressão de unificação, com a ilusão do ponto de vista múltiplo”. Se referindo a G.H., Oliveira nota que em algumas vezes, o “eu” se transforma em “ela”, exemplificando com os seguinte trecho: “levantei-me enfim da mesa do café – essa mulher”.
O texto também trata do problema do tempo e A Paixão Segundo G.H., o qual“expande-se e contrai-se como uma sanfona, dependendo dos efeitos estéticos visados pela estrutura narrativa”. No entanto, o discurso continua, enquanto, no universo ficcional, o tempo parece estacar, ou seja, nada acontece quando G.H. fica entre o pé da cama e a porta do armário diante da barata. Desse modo, a mente de G.H. volta ao passado (tanto seu quanto do homem e do planeta), mas também volta-se para o futuro, para o retorno do cotidiano, quando sua epifania já se fora.
Em relação ao espaço, a autora afirma que é evidente uma localização ambivalente, visto que “o apartamento de G.H. está, ao mesmo tempo, no Rio de Janeiro, cidade de seiscentos mil mendigos, em todos os lugares e em parte alguma, ao lado da caverna e em parte alguma, ao lado da caverna dos trogloditas, como na selva de pedra carioca”. Oliveira discorre que o monólogo desenvolvido por G.H. se dá não tanto no apartamento, mas nos escombros da civilização: “o edifício que ela sente prestes a desabar é todo o mundo ocidental, ameaçado de um holocausto nuclear”.
Em suma, o texto de Oliveira apresenta uma análise contundente, destacando aspectos importantes da obra, como o fato da barata ser escolhida como metáfora por seu um dos “insetos fósseis alados” mais primitivos, além de tratar com objetividade e citando trechos da obra para tratar de foco narrativo, tempo e espaço.
Assinar:
Comentários (Atom)