domingo, 12 de fevereiro de 2023

A palavra "colaborador" como meio ideológico liberal para tentar esconder as contradições do capitalismo

A palavra "colaborador" tem uma carga semântica que reflete a importância da colaboração e do trabalho em equipe na sociedade atual. Ela sugere que as pessoas estão trabalhando juntas, compartilhando suas habilidades e esforços para alcançar um objetivo comum. Isso contrasta com as palavras "funcionário" ou "empregado", que podem sugerir uma relação hierárquica e uma divisão mais clara entre o trabalho e o poder.

Obviamente, isso é ideologia liberal para tentar cobrir as contradições do capitalismo e a luta de classes. Colaborador significa quem colabora, logo todos os seres humanos que colaboram com você de alguma forma são colaboradores; isso inclui pessoas lá da China que fabricaram a jaqueta, o computador ou o celular que você usa.

Logo, fica bem claro que substituir as palavras "funcionário" ou "empregado" não passa de uma tentativa liberal de tentar maquiar a realidade; maquiar, pois ser colaborador é algo tão geral que pode ser aplicado a muita coisa, como exemplifiquei acima.

Funcionário significa aquele que exerce uma função. Palavra que não tem a abrangência semântica de colaborador.  Na palavra empregado, o significado é aquele que tem um emprego e que recebe salário para isso, logo o melhor termo entre os três (por ser mais específico) e também o menos usado.

Empregado colabora quando ele trabalha para a empresa que o contratou? Podemos responder que sim. Seu cão colabora com você quando ele não faz as necessidades em local indevido? Sim também.

É colaborador e não empregado porque este último termo denota hierarquia, que em última instância envidencia luta de classes. "Trabalhadores do mundo, uni-vos", não deixem que transformem a linguagem de vocês para fazer a burguesia parecer algo que não é. A burguesia é uma classe que explora o proletário.

A burguesia garante, a partir de sua ideologia, que ela se mantenha no poder usando os empregados. No capitalismo não existe colaborador, existe explorador e explorado.

Imagine se trocássemos a palavra empregado por explorado? Quem está no alto da hierarquia se sentiria confortável? É por isso que nós, trabalhadores, funcionários, também não devemos nos sentir confortáveis com eles falando "colaborador". 

E não é vergonha ser empregado. Se você é empregado, significa que é trabalhador. Mas isso não significa que exista motivo para criar eufemismo. Eufemismo é não chamar de velho, mas sim de idoso. A diferença é que aqui não há ideologia política tentando maquiar a realidade. Tentando transformar o empregado em alguém mais próximo (aquele que colabora). Não é.

No início do texto, eu citei que o termo liberal (colaborador) denotaria um objetivo comum. Não existe objetivo comum entre empregador e empregado. O empregador procura enriquecer às custas dos trabalhadores. O trabalhador busca salário para, na maioria das vezes, ter o que comer, pagar o aluguel. Se o empregador tem imóveis, o empregado paga aluguel. É esta a contradição que se tenta esconder.

A burguesia faz parecer que os interesses dela são os interesses de todos.

Termino com duas perguntas: você pode trocar a palavra "escravo" por "colaborador"? E que consequências isso tem?

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