Guerreiros São Guerreiros é o título.
Mas devemos nos perguntar: o que são guerreiros?
O início nos remete a uma pessoa que luta para conquistar as coisas:
Eu não vim aqui pra pedir
O que eu quero eu vou conquistar
Se agora é hora de ir
Tô na estrada, sigo em frente
Eu não penso em fugir
E nem mesmo me consolar
Tenho medos e mesmo assim
Tô na estrada, sigo em frente
E mais do mesmo:
Enquanto eu tiver chão sob os pés
Enquanto eu puder caminhar
Enquanto eu puder estar viva
Enquanto minha hora não chegar
Talvez eu não vença o tempo todo
E ainda posso até cair
Só quero manter minha alma forte
Erguer a cabeça e seguir
Sou guerreiro
Sou guerreiro
No entanto, temos uma ruptura:
Guerreiros são guerreiros
Guerreiros são guerreiros
E fazem zigue zigue za
Escravos de jó
Escravos de jó
Guerreiros são guerreiros
Guerreiros são guerreiros
Guerreiros são guerreiros
E fazem zigue zigue za
Guerreiros são guerreiros
Guerreiros são guerreiros
E fazem zigue zigue za
Escravos de jó
Escravos de jó
Guerreiros são guerreiros
Guerreiros são guerreiros
Guerreiros são guerreiros
Guerreiros são
Guerreiros são
Temos uma dualidade bem evidente. Pois se no início, que ocupa a maior parte do discurso, temos uma visão atual de guerreiro; no final o eu lírico nos remete ao passado, a um passado sombrio, em que o guerreiro era o escravo. Escravo é alguém que foi destituído de sua liberdade, sendo tratado como um objeto explorável. O significado de guerreiro, por outro lado, é uma pessoa que combate em uma guerra, que demonstra força e coragem.
"Na Super Interessante, encontramos a ideia de que o Jó bíblico teria sido apropriado pela cultura negra para “simbolizar o homem rico”. Já na Fatos Desconhecidos, encontramos a suposição de que “zigue zigue zá” era o ziguezague que os escravos faziam para fugir do capitão-do-mato. Palpites com zero rigor, que não devem ser levados a sério." Porém, que evidenciam essa dualidade entre o que é bom e ruim sendo guerreiro. O guerreiro atual é coberto por um discurso motivacional e o guerreiro antigo que era escravo é lembrado.
Será mesmo? Guerreiros são guerreiros, mas o que são guerreiros? Temos essa visão dualista ou o texto nos sugere que fica a nosso critério? As duas últimas frases são "Guerreiros são"; são o que? O texto é aberto. Podemos dizer que o guerreiro atual não é tão bom assim, que também temos nosso zigue zigue zá, que também somos, de certa forma, escravos.
Na época dos escravos, era lei a escravidão. Hoje, muitas coisas ainda são lei, apesar de termos progredido nesse tempo. Muitas leis transformam o guerreiro em um escravo. O guerreiro, em nosso contexto, pode ser interpretado como o trabalhador, que vive em uma ditadura; mas que sempre está buscando o que é melhor pra si, assim como o escravo que fugia para conquistar algo seu.
Podemos completar assim: Guerreiros são escravos. Se não for assim, por quê não completar as duas últimas frases? Por qual motivo citar os escravos?
Podemos também interpretar o início da música como o jovem que se lança ao mundo querendo conquistar tudo, mas que percebe que lutou tanto e não é mais que um escravo, pois é assim que funciona o mundo moderno. Nossa democracia brasileira, de 2023, é sim uma forma de ditadura, que coloca a maioria de sua população em situação muito inferior àqueles que possuem maior capital. Diferença essa que seria equivalente à diferença social que os escravos negros tinham.
Fontes: https://colecionadordesacis.com.br/2018/08/01/quem-eram-os-escravos-de-jo/
https://www.letras.mus.br/pitty/250742/
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