sábado, 14 de janeiro de 2023

Interpretação da música (S)aint, de Marilyn Manson

(S) aint, música do não efêmero Marilyn Manson, carrega em si algo que talvez Nietzsche admirasse: orgulho de si, arrogância, amor próprio, egoísmo. O título (S) aint já faz seu trabalho de apresentar o trabalho de forma curta, mas cheia de conteúdo. Saint significa santo, mas aint significa "não", ou seja, não é santo. 

Segue o primeiro verso:

 “I don't care if your world is ending today Because I wasn't invited to it, anyway”

Ele não se importa com o seu mundo se ele não faz parte dele; não faz aquele jogo moralista ou falso moralista, falso altruísta, que é tão comum no mundo moderno. Diz o que ele é de verdade: altruísta, talvez, mas só se for sensato o ser. 

“You said I tasted famous, so I drew you a heart But now, I'm not an artist, I'm a fucking work of art”

Primeira linha aqui indicando passado: eu desenhei um coração para você, o inventei; ele se iludiu com a outra pessoa e desenhou um coração, este coração sendo falso, pois desenhado; isso após essa outra pessoa dizer ao eu lírico que ele tinha gosto “famoso”, bajulando. Na segunda linha, revela o presente: não é mais um artista, não cria coisas para os outros verem, agora ele próprio é a obra de arte e não uma simples obra de arte, but a fucking work of art. Agora ele é o centro, não o que ele faz ou outra pessoa.

 “I've got an F and a C and I got a K too And the only thing that's missing is a bitch like U” 

Agora ele tem o F, o C, o K, só falta o U da vagabunda. Mais uma vez, dizendo que ele tem coisas e diminuindo essa mulher que chama de bitch. Engrandece a si mesmo, reduz o outro; isso tudo usando um jogo de palavras que só deixa tudo mais apreciável. 

“You wanted perfect, you got your perfect But now, I'm too perfect for someone like you I was a dandy in your ghetto with a snow white smile And you'll never be as perfect, whatever you do” 

Essa outra pessoa, provavelmente uma mulher, queria o perfeito; agora ele é o perfeito. No passado ele talvez fosse um tolo, agora ele é perfeito e ela nunca será perfeita, não importa o que faça. 

What's my name? What's my name? Hold the S because I am an AIN'T What's my name? What's my name? Hold the S because I am an AIN'T 

Mais um excelente jogo de palavras aqui, que é o que dá nome à música. 

I'm a bonetop, a death's head on a mopstick You infected me, took diamonds, I took all your shit Your sell-by date expired, so you had to be sold I'm a suffer-genius and vivi-sex symbol 

Esse excerto ele expõe um possível motivo de destilar sua superioridade sobre essa pessoa do seu passado. Ela o infectou e levou os diamantes, levou o que ele tinha de valor enquanto deu a all the shit. Mas a data de validade dela expirou, ou seja, envelheceu e teve de ser “vendida” como se fosse um objeto. Ele, agora, é descrito como algo morto (“bonetop”), porém, apesar de ter essa relação com ossos, ou seja, algo morto, tem também a relação com algo que está acima, no topo. Superioridade dele, inferioridade dela, que foi descartada. Na última linha, mais superioridade: é um gênio que sofre e um símbolo sexual vivo. 

Enfim, é uma música sobre si, apesar de ter que usar essa outra pessoa para mandar para o inferno todos que querem usar ele, tirar algo dele.


Fonte: https://www.letras.mus.br/marilyn-manson/94945/traducao.html

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