sábado, 21 de fevereiro de 2015

True love

You say it's true love. I'm happy for it. My lover and me. We really love each other. I want to make her happy. Am I capable? I hope so. I will give you everything I can, my love. I won't give up. I need to be strong, to fight, as always, but with the purest desire that is possible. Thank you for everything. You believe in heaven, so I'll try to go with you there. I want to be stronger to support your happiness.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Fique

O canudinho sugou a vida nesse verde azulado enervante e vibrante. Você é tão lerdo. Retrocede milhas e milhas por um simples cigarro. Pisa no cigarro. Qual é o seu problema? Não se deve pisar no cigarro. O carro destruiu a porta, o assoalho rompeu, parada cardíaca venceu, escolástico elegeu, fantástico morreu, pentáculo. Nas ruas daquela vila caminhava um menino mentindo, ele dava doces a quem queria. Facebook, órgão sagrado do estado, dos monastérios. Produto isolado do significado. Oh! Oh! Os pares gritam por revanche porque comem doce, as madrugadas, a manhã febril, ensolarada, tudo em forma tão perfeita, como em um cálice de vinho, quando o sangue derrama-se por sobre minha mão, a cadela atrevida.
Centauro.

Olhos de guaxinim

Vou te dar olhos de guaxinim; tamanduá bandeira come formigas. Pense em uma cor e eu lhe direi o que é dor. Leia os hippies comendo seus pés. O tamanduá bandeira faz sua língua esticar. Cores não são dolores. As cores do arco íris perderam seu efeito rejuvenescedor, recrutescedor. Milhões de germes povoam os pratos. Mas você ainda existe.
Uma parada, o último pensamento vence um milhão.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Resenha crítica de Inocência

Visconde de Taunay, prolífico autor, tem em Inocência a obra pelos críticos considerada como a melhor deste, a qual apresenta mescla entre termos regionais e linguagem culta urbana. A obra pertence ao romantismo, mais especificamente ao regionalismo romântico, pois é ambientada em uma determinada região do Brasil, o Mato Grosso. Além disso, tem narração em terceira pessoa e a história tem uma sequência cronológica.
O livro é publicado em um momento de final do romantismo, de transição do romantismo para o realismo. Desse modo, a obra traz aspectos românticos, o amor à primeira vista, por exemplo, mas também traz aspectos realistas, como na descrição da natureza e costumes do Mato Grosso.
Na excelente narrativa, se tem o encontro entre o curador Cirino e o mineiro Pereira, o que ocorre ao acaso, e, depois de muito falar o mineiro, o curador é levado a ficar na casa de Pereira para curar a filha do mesmo, Inocência.
No entanto, o “doutor” acaba se apaixonando pela moça, que já tinha casamento estabelecido pela palavra de seu pai. Aparece outro personagem: o naturalista alemão Meyer (o qual dá um tom cômico à narrativa), que se torna mais um hóspede. Este, desconhecendo as normas de comportamento das famílias do sertão, elogia constantemente a beleza de Inocência, o que faz com que Pereira se preocupe com o alemão, deixando Cirino com mais liberdade para encontrar Inocência.
Inocência, que também ama o curador, pede que este vá até a casa de Cesário, padrinho dela, pedir ajuda. Cirino vai até a casa dele, sendo o pedido de ajuda aceito. Entretanto, depois de Inocência negar casar com seu prometido, Manecão, este encontra Cirino e o mata. Meyer, naturalista bem sucedido, expõe a Papilo Innocentia no final da narrativa, espécie de borboleta que ele encontrou e que tem por nome uma homenagem a Inocência, a qual jazia morta.
Assim, considera-se Inocência como o Romeu e Julieta sertanejo. Nisso, se percebe um sentimentalismo exacerbado, como fica claro com o amor de Cirino por Inocência e desta por ele. Também fica evidente que não há toque entre os dois amantes, é um amor romântico, espiritualizado ao extremo.
Em relação à borboleta (a qual nos remete à Inocência) que Meyer encontra, percebe-se uma metáfora muito inteligente, pois ela mostra que o Brasil possui belezas próprias.
Ademais, também se nota na história o nacionalismo e o realismo, pois Taunay mistura o rigor do observador que percorreu os sertões com a imaginação do escritor. Existe também uma oposição durante a história, que se dá pelo machismo de Pereira, que quer prender sua filha, com uma visão diferente por Cirino e Meyer. Além dessa, temos outra oposição que se dá entre o mundo urbano e o rural. O que se percebe é que o autor, de modo peculiar, não deixa nenhum lado como superior ao outro.
A obra é dividida em um epílogo e 30 capítulos, os quais não são longos e proporcionam uma leitura instigante, na qual o leitor tem sua curiosidade despertada. Cada capítulo é iniciado com uma ou mais frases, as quais são de Shakespeare, Miguel de Cervantes, entre muitos outros autores; elas introduzem o capítulo, criando um sentido perfeito entre um e outro (frase e capítulo).
Como exemplo, tem-se o capítulo II, chamado O Viajante, no qual uma das frases introdutórias é: “Comigo, respondeu Sancho, meu primeiro movimento é logo tal comichão de falar que não posso deixar de desembuchar o que me vem à boca”, subsequentemente a isto, aparece uma personagem que fala espontaneamente muitas coisas.
Além disso, percebe-se um vocabulário extremamente rico, como fica evidente logo no primeiro capítulo, em que elementos da natureza são descritos, como o seguinte excerto deixa evidente: “o estípite liso, pardacento, sem manchas mais que pontuadas estrias, sustenta denso feixe de pecíolos longos e canulados […]”. Com isso, nota-se que, no começo do livro, o autor consegue dar uma descrição muito acurada do ambiente na qual a história se passa.

Inocência, certamente, é uma obra que merece ser lida por toda sua riqueza e peculiaridade.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Resenha crítica de O demônio familiar



O demônio familiar, um teatro, cronologicamente a segunda comédia do autor, apresenta como temática a escravidão em que as relações matrimoniais da época são focadas. É uma obra com uma leitura que flui facilmente e com um conteúdo bastante cômico. A peça é dividida em quatro atos, cada ato com muitas cenas curtas (aproximadamente de uma a duas páginas). Apesar do enredo ser relativamente curto (cerca de cem páginas), a história possui muitos acontecimentos.
O nome da obra tem como motivo o personagem Pedro, um moleque malandro, escravo, que traz transtornos para os outros personagens. No ato I, Pedro coloca uma carta de Alfredo no bolso de Carlotinha sem que esta perceba. Esta afirma não ter interesse em Alfredo (o que se mostra não ser verdade no decorrer da peça), mas como este é rico, o menino quer uni-los, pois quer ser cocheiro. Carlotinha é irmã de Eduardo, do qual o moleque é escravo.
Além das desavenças que o “demônio familiar” cria para a moça, este também cria confusões entre Eduardo e Henriqueta, os quais se amam, mas como esta é pobre, o escravo prefere que Eduardo se case com uma viúva rica. Este deixa fechada a única janela na qual Henriqueta podia vê-lo, pois Pedro disse a ele que esta mandou dizer que a curiosidade de Eduardo a incomodava, o que é o primeiro equívoco provocado pelo moleque, já que ambos gostavam de se ver.
Ademais, o menino troca os versos que eram para uma viúva, no qual Eduardo a chama de namoradeira e a ridiculariza, pelos de Henriqueta (entrega os versos que deveriam ser entregues para uma à outra, e vice-versa), os quais, segundo Pedro, são os versos bonitos, fazendo com que Henriqueta pense que Eduardo não a quer mais. Quando o moleque é descoberto por ter trocado as cartas, este diz para Carlotinha que arranjará o casamento de Eduardo com Henriqueta, o que cria desavenças entre Vasconcelos (pai de Henriqueta) e Azevedo.
O que o menino intenciona é fazer com que Azevedo não mais queira se casar com a filha de Vasconcelos, para que então esta possa casar com Eduardo. Nota-se que o escravo é cheio de boas intenções, o que faz com que o termo “demônio” não faça lembrar dele exatamente, pois um demônio nos remete a um personagem mau, o que não é o caso.
Para fazer isso, Pedro fala para Azevedo que Henriqueta não vale a pena e também desmoraliza Vasconcelos, numa das cenas mais cômicas da peça; sobre Henriqueta, afirma Pedro, num dos excertos mais engraçados: “Sinhá Henriqueta tem rosto pintadinho, como ovo de peru; para não aparecer, caia com pó de arroz e essa mistura que cabeleiro vende”. Além disso, o moleque também faz Azevedo pensar que Carlotinha o ama. Em relação a Vasconcelos, faz este ficar irado com Azevedo.
Com esse dilema (com o escravo malandro criando confusões) se passa toda a história, o que culmina na carta de liberdade de Pedro: quando todos estão reunidos por causa dos problemas que este causa, Eduardo afirma saber o motivo de todos os problemas que lhes sucedem, que é o demônio familiar. Com isso, dá a carta de liberdade ao escravo como um castigo, pois agora responderá por seus atos.
Quando todos os equívocos são resolvidos e todos percebem que foi Pedro o causador, todos se acertam. Eduardo contrai uma dívida para com Vasconcelos referente ao dote de Henriqueta e também diz para Carlotinha que todos devem se perdoar, pois ela havia se recusado a perdoar Alfredo. Por conseguinte, pode-se considerar o protagonista Eduardo como o heroi da peça.
A partir da leitura da obra fica-se a pensar se Alencar era ou não um autor abolicionista. Para R. Júnior Magalhães, o autor era um contemporizador, parecia-lhe um mal a extinção de tal regime (referente à escravidão) por causa dos abalos que iria causar à estrutura econômica do país. Além disso, sempre conforme Magalhães, para Alencar a escravidão era um mal, mas um mal maior fora ter começado.
Segundo Flávio Aguiar, citado por Vera Moraes, essa é uma peça abolicionista, porém de um modo conservador: enxerga a escravidão como “mal social”, apesar desse olhar estar mais próximo do senhor branco e de sua pureza familiar do que dos inconvenientes para o negro escravo.
De qualquer modo, O Demônio Familiar não é uma obra racista. Do mesmo modo que é o escravo esse elemento de discórdia, poderia ser outro personagem. Também ressalta-se que Pedro não tem maldade e o que faz é causa de boas intenções. Outro argumento que se pode levantar é que, tanto em Mãe como em O demônio familiar, a escravidão cria inconvenientes, o que é condizente com a visão do autor, de que a escravidão é um mal.
Ademais, nota-se que existe uma semelhança entre O demônio familiar e Mãe, peça esta que também tem como temática a escravidão e possui um contraste entre a nobreza da escrava Joana com a malícia de Pedro. Inclusive, poder-se-ia dizer que Mãe é uma tentativa de redenção em relação ao Demônio familiar, já que o mesmo causou polêmica. Vera Moraes, citando o dramaturgo Artur Azevedo, expõe que até a coincidência de nomes entre D. Pedro II e o Pedro da peça teria provocado animosidade demonstrada pelo Imperador em relação à José de Alencar.
Em relação a outras obras de José de Alencar, além de Mãe, pode-se perceber uma semelhança de O Demônio familiar com A pata da gazela e a peça As asas de um anjo, entre outras obras, pois elas também contêm dramas entre casais, os quais passam por muitas confusões no decorrer da história.
Outra característica que está em Demônio familiar e que pode ser observada em outras obras do autor, como em Sonhos de ouro, é relacionada à linguagem: a língua do Brasil é tratada de modo que a eleva. Azevedo mistura francês com português, o que, em determinado momento da peça, faz com que esse personagem seja criticado pelos outros, os quais afirmam não entender palavra. Afirma Vasconcelos sobre Azevedo: “é uma mania que eles trazem de Paris e que os torna sofrivelmente ridículos. Mas não se querem convencer!”. Portanto, se posiciona contra o uso de estrangeirismos de certo modo.
O demônio familiar possui um enredo que prende a atenção do leitor, com uma linguagem muito simples se comparada a outras obras de Alencar, como Iracema e Ubirajara, afinal o autor não dá ao escravo uma linguagem complexa como o faz com as suas obras indianistas. Aliás, pode-se dizer que o negro, tão importante para a formação da sociedade brasileira, é talvez o único elemento que José Alencar não abarca tão bem como faz com o índio, por exemplo.
Por conseguinte, O demônio familiar é uma peça que vale a pena conhecer, pois, além do prazer que essa obra proporciona, o gênero teatro de José de Alencar não é tão conhecido como as suas narrativas; no entanto, o gênero é importante na carreira do autor também: conforme Magalhães Júnior, Alencar consegue melhorar o teatro de seu tempo, além de ser bem sucedido no mesmo.

Referências:
Alencar, José de. O demônio familiar. São Paulo: Editora Martin Claret, 2005.
Moraes, Vera. O demônio familiar, comédia de costumes no teatro Alencariano. Disponível em: http://www.ceara.pro.br/acl/revistas/Colecao_Diversos/Jose_Alencar_Euclides_Cunha/ACL_J_A_e_E_C_15_Demonio_Familiar_Teatro_Alencariano_Vera_Moraes.pdf Acessado dia 18-11-2014, às 22:31.

sábado, 4 de outubro de 2014

Religião não torna as pessoas melhores! - Interpretação de "Quem vai queimar?", da Pitty

Na letra da música "Quem vai queimar?", tem-se muitas ações negativas, consideradas erradas:

Encaixotem os livres
Desinfectem os cantos
Estuprem as mulheres
Brutalizem os homens
Despedacem os fracos

Depois disso, um interessante verso aparece:

Enfeitem a moda

Pode-se entender que a moda é uma coisa negativa. A moda padroniza, deixa igual. Quem se preocupa com a moda, de certo modo, fica alienado. Os versos seguintes são evidentes por si:

Sodomizem as crianças
Escravizem os velhos
Fabriquem as armas
Destruam as casas
Façam render a guerra

Depois deste, ela prossegue:

Escolham os heróis

Mas escolher os heróis é ruim? Sem pensarmos muito sobre, podemos dizer que heróis são louváveis. Contudo, se existem heróis, existem vilões; um é condição para o outro. A escolha de heróis também pode indicar hierarquização, pois não são todos que podem ser heróis. Na sequência, a cantora introduz o tema da bruxaria:

E queimem as bruxas
Deixa queimar...
E queimem as bruxas
Quem vai queimar?

Essa é uma parte muito importante da letra. Com "queimar bruxas" relacionamos instantaneamente com igreja católica. A frase interrogativa que dá nome à música, "Quem vai queimar?", é a chave para a compreensão da mensagem contida na letra. Afinal, quem vai queimar? Quem queimava as bruxas? Eram os padres? Ou quem sabe o papa? Não! Quem queimava eram os "fiscais da fé", portanto, quem ordena a execução não acende a fogueira. Pode-se pensar, a partir disso, na famosa relação de pastor e rebanho. Se recebemos ordem de padres ou outras criaturas do gênero, podemos fazer tudo o que está na letra dessa música.
Mas agora você percebeu que todos os verbos estão no presente do indicativo, certo? Isso se deve, certamente, ao fato de que a crítica é direcionada ao nosso tempo. Pitty só se utiliza do passado para explicitar seu pensamento.
A letra prossegue assim:

Empurrem conselhos
Forneçam as drogas
Engulam a comida
Disfarcem bem a culpa
Protejam a igreja
Perdoem os pecados
Condenem os feitiços
Decidam quem vai morrer
Contaminem a escola
Violentem os virgens
Aprisionem os livros
Escrevam a história
E queimem as bruxas
Deixa queimar...
E queimem as bruxas
Quem vai queimar?
Quem ordena a execução
Não acende a fogueira
(Pai, rogai por nós)
Quem ordena a execução
Não acende a fogueira
(Pai, rogai por nós)
Quem ordena a execução
Não acende a fogueira
(Pai, rogai por nós)
Quem ordena a execução
Não acende a fogueira
(Pai, rogai por nós)
E queimem as bruxas
Deixa queimar...
E queimem as bruxas
Deixa queimar...
E queimem as bruxas
Deixa queimar...
E queimem as bruxas
Quem vai queimar?

"Pai, rogai por nós", entre parênteses, é o motivo em que as pessoas se apoiam para fazer todas essas terríveis coisas. Ou seja, um suposto Deus, o qual não aceita bruxaria.
"Conhecereis a árvore pelos seus frutos". Mateus 12:33 . Não necessariamente concordo com isto, mas é irônico.


Fonte da letra: http://letras.mus.br/pitty/250227/

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Ao menos uma vez

Eu sou o demônio
Mas pensei que não o era
A maldade começou
A ser evocada
Vem daqui de dentro
Essa pessoa em que eu penso
Eu desejo uma morte
Sangrenta, com choro,
Demorada, agora,
E por trituração…

Eles mentem para você
Te dizem que é um anjo;
Você quer a morte deles
Quereria que fosse agora!
O anjo sonha em ser demônio,
Pelo menos uma vez
E assim a existência

Se torna prazerosa

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Schopenhauer e a reprodução dos hominídeos

Romper com nossos mestre é algo comum.
Schopenhauer errou. Esse gênio está fadado ao fracasso, pois nada contra a correnteza. Esse é o perigo da genialidade.
O alemão se opunha a uma vida libidinosa, o que deixa claro em seus escritos. No entanto, se opunha à verdade de que não estava adaptado. Intelecto exacerbado não produz esperma.
Só então a verdade é inconveniente. "Os caprichos advindos do instinto sexual são totalmente análogos aos fogos fátuos: enganam do modo mais vivo, mas, se os seguimos, eles nos conduzem a um pântano e desaparecem".
É bem verdade tal reflexão do filósofo, entretanto, esquece-se do resultado. Esquece-se de ser um animal (?). Esquece-se de deixar descendentes. "Esquece-se", mas tem razão.
Animais jamais devem ter razão. Só os loucos a tem, mas é difícil perceber a própria loucura quando esta é genialidade. Será um grande avanço se os inteligentes conseguirem aplicar este conhecimento. Um avanço para a humanidade.
O egoísmo foi útil em tempos idos, agora é um empecilho.
 - Omã

Referências Bibliográficas: Schopenhauer, Arthur. A arte de insultar. São Paulo, Martins Fontes, 2003.

domingo, 6 de julho de 2014

Hábitos do Homo Sapiens no século XXI

Humanos gostam de se reunir e conversar. As conversas podem variar, as quais vão de críticas às outras pessoas a gostos musicais; mas os assuntos que predominam são as outras pessoas.
Humanos têm crenças. Sempre acreditam em coisas sem sentido; alguns clamam respeito aos nonsenses. Essas crenças normalmente os ajudam a trabalharem, pois costumam crer que há coisas invisíveis nas quais viverão após a morte, os lugares mais comuns de crenças são o céu e o inferno, no primeiro vai quem fez o bem e no segundo quem não fez o bem. Isto, para eles, são determinados atos pré-impostos por um livro chamado bíblia.
Humanos se disfarçam. Esta característica está intrinsecamente ligada com reprodução sexuada. Utilizam-se de roupas, banhos, perfumes (espécie de água com cheiro), óculos, outros, menos comuns, acrescentam desenhos no corpo, perucas (cabelos falsos) e/ou batons, etc. Se um humano não se disfarça não se reproduz e não é aceito pelo conjunto de humanoides disfarçado, e ainda é preso numa prisão por “atentado ao pudor”.
Humanos têm hierarquia. Sempre, dentro do conjunto desses seres, tem alguns que são considerados melhores que outros.
Humanos mentem.
Humanos são competitivos. Muitos têm o hábito de escolher um time de algum tipo de jogo e ficar feliz quando esse time ganha, chegando, inclusive, a ganhar uma denominação específica por causa desse time. Em alguns casos, chegam ao extremo de zombar de outros que gostam de outro time.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Serpente

A larga e curta cobra com pernas caminhava. Era um deus? Tinha aquele tronco de árvore…
―Por que você não rezou? Se tivesse rezado aquilo não teria aparecido.
Não tenha medo. Mas a cobra parece uma borboleta. Seu rosto é de um dragão, mas a língua de cobra. E a cobra ficou caminhando todo esse tempo. Ela é imortal, então é deus. Que deus é esse? Tão colorido… Aquelas asas, as quais não eram usadas, permanecem em minha memória; o medo também.
Tudo porque não rezei.
Esqueci de rezar.
Abandonei a prece.

 Cobra, por onde caminhas? Não te vejo mais por aqui. É tão estranho.

domingo, 8 de junho de 2014

Glimbo

            Um homem velho, com longas barbas brancas, vestido de vermelho, foi encontrado morto no Polo Norte, numa  região distante de tudo. O sangue dele manchava a branca neve, tornando esta escarlate como a roupa do velho era.
            A partir dessa inesperada ocorrência, as autoridades mundiais, as quais não tinham nenhum tipo de evidência do que acontecera, pararam de procurar Papai Noel em todos os lugares, pois certamente era o velhinho morto.  Havia cometido suicídio o velho encontrado ensanguentado, o qual tinha características idênticas às doe Papai Noel, inclusive a roupa, portanto não restava dúvida que era Papai Noel.
            Dia 23 de dezembro de 2013  ele foi visto pela última vez nos arredores de sua mansão, situada no Polo Norte. Existiam trenós e renas no local. A partir de então, o único dia em que voltou a ser visto foi na situação acima descrita, dia 14 de janeiro de 2014.
            Com isso, todas as crianças do mundo ficaram sem ganhar presentes. Papai Noel. A partir de então, o natal foi deixando de existir, pois as crianças não ganhavam presentes e por isso não havia motivo para comemorar o natal. Não havia felicidade, só a tristeza das crianças choramingando: “por que eu não ganhei presente do Papai Noel?”.
            A imprensa não divulgara que o Papai Noel havia sido encontrado morto, porque não queria destruir o lindo mundo que o velhinho criara. O que deve ser notado e aclamado é a linda intenção da mídia em não expor que o Papai Noel havia morrido, teve a melhor das intenções iludindo milhões de crianças em todo o mundo, pois a beleza criada pelo velhinho não deveria ser morta.
            Mas as crianças não sabiam que estavam sendo salvas pela mídia, que esta as protegia com mentiras, por isso muitas estavam arrasadas, porque não ganharvam presentes. Isto acontecia enquanto algumas poucas continuaram a ganhar. Estaria Papai Noel escolhendo só quem ele achava que fosse digno de receber presentes?
            Porém, notava-se algo muito peculiar nisso: as crianças que continuaram a ganhar presentes foram as crianças ricas, “Papai Noel tornou-se elitista?”, perguntavam os mais espertos entre os menores.
            É desnecessário dizer que o velho não fez falta em muitos lugares, pois não é em todo o mundo que se comemora o natal, como não é em todo lugar que existem chaminés para que ele possa entrar e presentear. Embora poucos saibam, existiam regras para conseguir presente de Papai Noel: a primeira é ter chaminé, a segunda é ter meias e a terceira é estar dormindo na véspera de natal.
            E assim era o mundo com o velho presenteador no natal: uma pequena parcela da população conseguia presentes. Mas, com o que sucedeu, a parcela se tornou menor: apenas um terço daquela pequena parcela que ganhava as bugigangas doe Papai Noel, os quais tiveram como substitutos seus pais para lhes presentear.
            Quando os 7 anos se passaram, foi encontrado um velho que se parecia com Papai Noel. Foi um porquinho da índia rosa que o encontrou, o idoso estava deprimido, chorando em frente a um lago. Este era muito cinza, e havia insetos também, os quais matariam o porquinho mais tarde.
            O animalzinho que tinha pelos rosa era um repórter, ele pretendia fazer uma reportagem de algum senhor macaco que encontrasse, pois eles geralmente emitiam uma opinião que dava audiência.
            Quando a coisa rosa viu o homem de vermelho, pensou: “Sim, isso é bom, muito bom, vou entrevistá-lo!”. E fez, já que não pensava muito em seus atos.
            ― Muito bom dia a Vossa Senhoria! ― exclamou o porco, olhando para a câmera ― Estamos excepcionalmente convencidos de que o impossível acontece todos os dias, e hoje é um dia muito especial. Como poderia haver um dia mais especial que hoje? É hoje que conseguimos fazer uma descoberta incrível! Vamos conversar com o Papai Noel! ― disse.
            O porco, joguete como sempre, não fazia ideia de que o Papai Noel fora encontrado morto. Na maior parte das vezes, os apresentadores sabiam muito pouco sobre o que a mídia tinha de sabedoria, só falavam muito bem e decoravam os textos e, claro, eram bons nas relações sociais.
            O Noel estava com uma aparência horrorosa e os insetos estavam comendo um olho dele. Quando ele virou o rosto, perguntou: “é uma entrevista?” Certamente ele não tinha percebido o microfone que tinham posto quase dentro de sua boca e as câmeras, pois estas não encostavam nele. Também poderia ter perdido a visão, mas era improvável, já que estava escrevendo alguma coisa no momento da abordagem e direcionava os olhos para o que escrevia.
            ― Olá! Quem percorre o campo vazio? ― indagou Papai Noel ― O campo está vazio, não percebem?
            O comedor de ração começou a conjecturar: “Estará ele a fazer uma piada? Ou quer dizer que o trânsito estava vazio?”.
            ― Sim! O campo está vazio! ― bradou o toucinho ― Realmente! Não vi nenhum carro! E estou feliz com isso, sim, e muito, é algo muito bom que está acontecendo. Se tivéssemos trânsito congestionado, como acharíamos você? Foi a melhor coisa que nos aconteceu hoje, sem dúvida! ― A voz dele passava tranquilidade, quem a ouvisse daria todo o crédito a ele, disto não há dúvida.
            ― Do que você está falando? ― perguntou o homem velho.
            ― Era isso que você queria dizer com campo vazio! Foi por isso que falei! ― respondeu, confiante e persuasivamente.
            ― Oh, então é isso, acho que vou me suicidar ― disse Papai Noel, enquanto se jogava na água. Esta causaria sua morte.
            O porco apontou e gritou: “Vejam isto, tentativa de suicídio do glorioso e excelentíssimo Pa...” Insetos começaram a picá-lo, impedindo que ele continuasse a falar. Eles começaram a atacar os que ali estavam e as gravações nunca seriam postas no ar, pois a natureza os mataria e, por conseguinte, o mundo jamais saberia do ocorrido.
            E, com isso, parecia que ninguém além do digníssimo e excelentíssimo e adorável repórter sabia da morte do verdadeiro Papai Noel. Todavia, só parecia. A verdade é que, antes que ele morresse afogado no lago uma fada tivera contato com o idoso.
            Acontecera em julho, no dia 7, seis anos antes de ele se suicidar. O nome dela era Biterdeis. Esta fada o encontrou saindo duma casa e o interpelou:
            ― Olá! És tu Papai Noel? ― perguntou a fada.
            O barbudo ergueu sua grossa sobrancelha esquerda, em tom interrogativo. Quando percebeu a fonte do som, encantou-se: “Ela é linda! Seus cabelos louros e seus olhos azuis, oh! Quanta beleza há nesse mundo!”, pensou.
            ― Sim. ― respondeu com um sorriso ― E você, linda e pequena moça, quem é?
            ― É um enorme prazer lhe conhecer. Chamo-me Biterdeis. Sou uma fada que por aqui passava e surpreendi-me em lhe encontrar, pois soube que tu deixaste de dar presentes para as crianças. Ademais, tu moras no Polo Norte, no entanto, agora se encontra num bosque da Inglaterra.
            ― É bem verdade. Não tenho como negar.
            ― Se eu pudesse saber o que lhe sucede ficaria grata.
            ― Conto-lhe, se você quer. Muito bem, vamos aos fatos: É algo que muitos desconhecem, mas eu tenho um irmão gêmeo. Este queria me substituir,: afirmava ele,: “‘somos iguais, me deixe ir este ano fazer o seu trabalho”’. A verdade é que ele queria ser reconhecido, mas as renas não gostavam dele e, quando estavam se dirigindo para a Rússia os animais o mataram.
            ― Interessante. ― disse um duende que ali aparecera.
            Noel se assustou e então perguntou:
            ― Quem é você?
            ― Um duende. Pode continuar a falar, só quero ouvir.
            ― Está bem, não tem problema em você ouvir. Como eu dizia, no meio do nada, quando ele se dirigia à Rússia, as renas o mataram. As renas estavam com ódio de mim também porque eu tinha permitido que ele me substituísse neste ano. E foi triste, porque eu não sabia que elas o odiavam. ― fez uma pausa, refletindo sobre a ingenuidade dele, a qual foi a causadora de tudo, pois ele sabia que o irmão gêmeo maltratava as renas.
            O duende estava ouvindo para depois conseguir reconhecimento, divulgando para todo o mundo mágico o que soubera da boca de Papai Noel. A fada, por outro lado, só queria entender o que se passava e, se possível, ajudar. Ela tinha um bom coração.
            ― Por que ele se dirigia para a Rússia? ― indagou a fada.
            ― Para observar... Ele queria saber quais casas tinham chaminés e meias para, com essas informações, presentear as crianças que tivessem as características que permitissem a entrega.
            Noel percebera, no momento em que falava, que o duende era muito feio. Na verdade, pensou ele, deve ser bem desconfortável para uma criatura tão bela ter que dividir o mundo com outra tão feia.
            A fada, por outro lado, achava muito natural a desigualdade. Esta é que a fazia bela. Mas ela não sabia. Isto era muito natural, pois ela tinha a tendência a amar os outros pelo que são interiormente, deixando uma importância muito pequena para a beleza exterior.
            O bosque ao redor não pensava, mas era como se pensasse algo como “ganância é a salvação”. Somente os animais e as plantas mais fortes sobreviviam, apenas os organismos que se preocupavam única e exclusivamente consigo mesmos. E Papai Noel ali, contrariando tudo isso com sua senil insistência em ajudar aos outros e não só a si mesmo.
            O duende, o ser mais ignoto da situação, dava seu sorriso, como se imitasse Monalisa. O velho prosseguiu:
            ― Quem me fez querer vir morar neste bosque foi um amigo. Ele disse que tinha uma casa aqui na qual eu não seria incomodado nem pelas renas nem por seres humanos. Charles também me contou que viveu 7 anos nesta casa e que jamais vira qualquer humano neste lugar e ele tinha razão. As renas não me encontraram porque o lugar é inabitado, portanto é um ótimo esconderijo.
            ― Agora entendo. ― disse a fada. Ela sabia mais do que aparentava. O que sucedia a ela é que estava desenvolvendo o poder de ler mentes. Este era um dom raro: poucas fadas conseguiam utilizá-lo.
            Depois que Noel lhes contou essas coisas, eles foram embora. A fada, no entanto, percebeu que o duende planejava algo indigno. Mas, por não saber o que era, não pode fazer nada e a desgraça do velho se deu depois de 7 anos da morte de seu irmão.
            O duende que ouvira o que Papai Noel contara se dirigiu ao pequeno público de duendes e declarou:
            ― Eu obtive informações valiosas, meus caros! E aqui tomo a palavra para alertar-vos. ― disse o duende.
            ― O que é, Glinbo? ― perguntou um duende que estava ouvindo.
            ― Venho informá-los que um falso Papai Noel está dizendo por ai que encontraram seu irmão gêmeo morto na neve. Que, na verdade, não foi o verdadeiro Noel que morreu. Precisamos acabar com isso. Essa palhaçada deve ter fim, não concordam?
            ― Que absurdo! ― gritou um terceiro duende, Teose.
            ― E não é? ― disse Glinbo ― e o pior, pretende controlar as renas, mas estas sabem que não é ele. Nós, e talvez só nós, podemos mudar isso. Temos muitos duendes com habilidades especiais aqui. Na verdade, eu tenho um plano, só preciso que vocês colaborem comigo. Primeiro preciso provar que estou falando a verdade, por isso peço que me deem o pó que permite aos animais falarem. Certamente está com você, não é, Duara? ― disse, pronunciando errado o nome, mas, como ela não se importava, ele também não acertava.
            ― Aqui está ― respondeu ela ― agora nos prove!
            ― Sim, eu vou, mas antes preciso que Teose concorde em usar o seu dom para enlouquecer o velhinho, pois asseguro a vocês que ele é idêntico ao verdadeiro Papai Noel, pois conseguiu criar ou aprendeu alguma magia que o permitiu assim ser. E, certamente, convencerá as pessoas de que é o verdadeiro Papai Noel, pois conseguiu em tudo ser idêntico a ele.
            Mais tarde, por encantamento as renas foram atraídas ao bosque; e lá estava Glinbo e os animais, enquanto os outros o observavam.  O feio duende se aproximou e abraçou uma delas, e no ouvido dela, disse algo, mas foi sutil a ponto de não deixar ninguém notar que dissera algo. O que foi dito era algo que só ele e as renas sabiam, mas algo que contribuiria para o sucesso dos objetivos maléficos de Glinbo.
            Com isso, os animais responderam afirmativamente a todas as questões que foram feitas pelo duende e, no fim, ele foi considerado um ser de fidedigno por seus semelhantes.
            Com todas as vicissitudes que caíram por sobre Papai Noel, e, obviamente, por causa da supracitada desgraça, acabou ensandecendo.