O barulho da taverna pareceu sumir assim que o encapuzado terminou de embaralhar. As cartas batiam na mesa com um som seco, firme, como se cada passada anunciasse o destino de Brennar. O homem levantou apenas o queixo, deixando que a pouca luz revelasse um sorriso torto, mais ameaçador do que cordial.
— Sete Estrelas começa com três cartas… — murmurou. — E termina com a verdade saindo de alguém.
Brennar não sabia se ele falava do jogo ou de algo bem pior.
As cartas foram distribuídas.
A primeira estrela: Cinco de Lua.
A segunda estrela: Coroa Sombria.
A terceira… virou em silêncio, um Trono Partido.
Símbolos ruins.
Presságios piores.
Mas Brennar manteve a expressão firme, apenas apoiando o cotovelo na mesa, como se não estivesse apostando mais do que possuía.
— Sua vez de apostar — disse o encapuzado.
Brennar empurrou fichas fictícias para o centro. Não tinha drakens, mas tinha coragem — ou estupidez — suficiente para blefar contra alguém que claramente jogava com vidas.
O homem encapuzado acompanhou a aposta com facilidade.
A quarta carta virou.
A quinta.
A sexta.
O suor começou a escorrer pela nuca de Brennar. As chances eram mínimas. E o estranho parecia saber disso desde o começo.
A sétima carta — a Estrela Final — caiu como uma sentença:
Pedra do Carrasco.
Um mau presságio absoluto.
O encapuzado nem comemorou. Apenas cruzou os dedos e disse:
— Perdeu. Hora de pagar.
A taverna ficou silenciosa. Parecia que todos já conheciam o ritual daquela mesa. Brennar engoliu seco. Agora não era mais jogo — era cobrança.
E a cobrança não seria em drakens.
Role um d6 (1–3: derrota). Agora role novamente para decidir o destino final.
Role OUTRO d6
1–3: morte
4–6: sobrevive, mas com marca permanente
Destino 1 — (1–3 no segundo dado): Morte Silenciosa
O encapuzado se levanta devagar, como uma sombra que ganhou forma. Antes que Brennar possa reagir, a mão do estranho se move com rapidez impossível — uma lâmina curva surge de dentro da manga.
Ninguém na taverna grita.
Ninguém tenta impedir.
É como se todos já soubessem o que acontece com quem perde no Sete Estrelas.
Um corte preciso.
Rápido.
Frio.
Brennar cai sobre a mesa, o sangue escorrendo entre as cartas amareladas.
A última coisa que vê é o sorriso satisfeito do encapuzado, recolhendo suas cartas como quem arruma ferramentas de trabalho.
A noite termina ali.
O jogo, também.
Destino 2 — (4–6 no segundo dado): Sobrevive, mas não sai ileso
O encapuzado se levanta, puxando Brennar pela gola.
— Sem ouro… paga-se com carne — diz ele, como se fosse regra antiga.
A lâmina aparece, mas dessa vez não para tirar a vida — apenas um preço parcial.
Um golpe atravessa o ombro de Brennar, profundo o bastante para que ele grite, mas não para matá-lo. A dor explode como fogo líquido. Ele cai de joelhos, a visão turva.
— Está pago — declara o encapuzado, limpando a lâmina na capa. — Da próxima vez… traga o ouro.
Ele desaparece entre as sombras, deixando Brennar sangrando, porém vivo.
A taverna volta ao barulho aos poucos, como se nada tivesse acontecido.
Brennar pressiona o ferimento, tropeçando até a porta.
Sobreviveu.
Mas nunca mais moverá o braço direito da mesma forma.
E jamais voltará à mesa do Sete Estrelas.