Serena se esconde na viela estreita, colada à parede de pedra fria. A taverna continua em alvoroço, e ela escuta, ao longe, o som de móveis sendo arrastados e o riso explosivo de Brennar — ele estava se divertindo mais do que deveria.
A noite está úmida, e a neblina baixa cobre o chão como um véu de algodão sujo. Serena respira fundo, tentando manter a calma. Cada minuto que passa parece mais longo que o anterior. Ela imagina quem poderia estar por trás daquele ataque, mas não tem tempo para concluir o pensamento.
O chão de repente vibra. Uma onda quente sobe por suas pernas, como se o mundo estivesse respirando sob seus pés.
— Brennar…? — ela murmura, olhando em volta.
Então, a viela se ilumina. Um círculo de luz branca e pulsante se abre no solo, expandindo-se como rachaduras brilhantes. Serena dá um passo atrás, mas é tarde: a luz se fecha ao redor de seus tornozelos, sobe pelas pernas, e em menos de um segundo ela é engolida.
Transporte
A sensação é de ser puxada por fios invisíveis, estraçalhada e remontada, até que de repente tudo para. Serena cai de joelhos em solo macio e úmido. A luz se dissipa.
Ela levanta o rosto… e percebe que não está mais na viela. Nem no reino que conhece.
O planeta desconhecido
O céu é de um laranja profundo, quase derretido, atravessado por três luas prateadas que parecem muito mais próximas do que deveriam. O ar tem um cheiro metálico, como chuva prestes a cair.
A vegetação é a primeira coisa que realmente chama sua atenção.
Sim — plantas podem ter cores diferentes do verde. Nesse planeta, elas são prova viva disso:
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Há arbustos azul-cobalto que brilham levemente, como se tivessem vaga-lumes presos dentro.
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Cipós roxos pendem de árvores retorcidas, pulsando em tons lilás.
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O solo é coberto por folhagens largas de cor vermelho ferrugem, que se dobram quando ela pisa, como se tivessem reflexos próprios.
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Pequenos cogumelos turquesa soltam faíscas suaves quando tocados pelo vento.
E então ela vê os animais.
Serpentes rastejantes de carapaça opalescente deslizam pelo chão, mudando de cor conforme passam entre plantas. Criaturas parecidas com salamandras, mas com quatro olhos luminosos, se arrastam em grupos, observando-a com curiosidade silenciosa.
Serena engole seco. Aquilo não é magia comum. É outro mundo.
Mais adiante, duas coisas chamam sua atenção:
1. A nave espacial
Entre rochas negras que parecem vidro quebrado, repousa um veículo enorme, metálico, meio enterrado no solo. Tem rachaduras pelo casco, luzes azuladas piscando como se lutassem para permanecer acesas. Uma porta lateral encontra-se semiaberta, soltando fumaça fina.
É impossível saber se há alguém vivo lá dentro — ou se foi por causa dela que o portal se abriu.
2. A floresta estranha
À direita, uma floresta densa se ergue. Árvores altíssimas com troncos espiralados em forma de parafuso, folhas em formatos irregulares — triangulares, onduladas, algumas até parecendo mãos. Elas emitem sons suaves, como se murmurassem entre si. Um nevoeiro lilás rasteja por entre as raízes, e a cada minuto uma luz estranha pulsa nas profundezas, como se algo gigantesco respirasse ali.
Serena sente a adrenalina percorrer seu corpo. Ela está sozinha em um planeta desconhecido. E precisa decidir rápido.
Escolha do leitor
Opção A — Ir até a nave espacial
Serena decide investigar o veículo. Talvez encontre respostas, tecnologia, ou alguém que explique porque um portal se abriu exatamente sob seus pés. Mas há risco: se a nave está danificada, qualquer coisa lá dentro pode estar instável… inclusive quem a pilotava.
Opção B — Embrenhar-se na floresta
O instinto de caçadora fala mais alto: tudo em sua experiência diz que uma nave caída é problema. A floresta, por mais estranha que pareça, pode oferecer abrigo, rotas de fuga e pistas sobre a fauna e flora locais. Mas também pode esconder predadores.
Qual caminho você quer seguir?
A — Nave espacial
ou
B — Floresta estranha
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