O salão atrás dela ainda fervia de gritos e pancadas quando Serena desapareceu pela porta lateral.
A névoa a recebeu como um véu protetor, fria e silenciosa.
O bilhete já estava no bolso do casaco de Brennar, e ela contava que ele o encontrasse antes do amanhecer.
Mas a noite passou.
E o irmão não veio.
Do alto de uma colina próxima, Serena observava as luzes da vila. Esperou até o último lampião apagar, até o canto dos bêbados cessar. Nenhum sinal dele. Só o cheiro de vinho, chuva e arrependimento no ar.
Ela se afastou, amaldiçoando a própria esperança.
No dia seguinte
O primeiro som veio do vento — um estalo seco, como madeira se partindo.
Depois, o céu.
Rosa, pulsante, respirando como um ser vivo. As nuvens ardiam por dentro e lançavam sombras impossíveis sobre as casas.
Serena voltou à vila às pressas, o coração martelando.
O que encontrou foi um silêncio que feria.
Corpos imóveis, vitrificados.
E então — gritos.
Uma mulher parada no meio da rua começou a queimar sem fogo, dissolvendo em luz, como se o próprio ar a devorasse.
Serena recuou, encostando-se a uma parede. O cheiro era doce, quente, quase humano.
No chão, algo refletiu o brilho do céu: uma moeda deformada, derretida nas bordas, ainda quente.
Ela olhou ao redor. Ninguém mais se movia. Só o céu, vibrando, observando.
Escolhas do leitor
Opção 1 — Pegar a moeda.
Serena sente um calor estranho vindo dela — um pulso rítmico, quase como um batimento. Pode ser uma pista… ou uma sentença.
Opção 2 — Fugir da vila.
A intuição grita para sair dali. O ar pesa, e o brilho do céu parece descer. Talvez haja tempo — talvez não.
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