A briga termina antes que a carne fique marcada, mas o veneno já está em dose suficiente. Dois braços peludos surgem por entre a multidão, puxando as duas pelos colarinhos, como se fossem gatas de rua. Os bêbados riem, os copos quebrados anunciam o silêncio e, pela primeira vez em muito tempo, Serena sente o gosto amargo da impotência.
Ela cospe sangue e ódio. Não por ter perdido — mas porque Siri sorri.
— “Tsc... nunca me imaginei lutando com uma mal-amada dessas.” — Serena diz, a voz arranhada, mas firme. — “Todo mundo sabe que ela se vende até por um copo de cerveja rala. Vive de encher a boca de veneno falando da vida dos outros, tentando se sentir menos irrelevante.”
Alguém atrás dela ri e diz que é verdade, que Siri espalhou boatos sobre o padeiro, sobre a mulher do ferreiro, sobre a mãe de um marinheiro que deixou a cidade jurando que nunca mais voltava.
— “Ah, ela é boa de brigar... mas só com quem ela acha que vai apanhar mais.” — continua Serena, limpando o sangue do lábio. — “Sabe o que é? Ela é vazia. Nem consegue dormir sem pensar em quem pode provocar no dia seguinte.”
Siri, ainda sendo contida por mãos firmes, solta uma risada rouca.
— “Vai chorar agora, princesa?”
Serena vira de costas, mas o coração acelera. Ela sabe que essa guerra não acabou. Talvez nunca acabe. E é aí que a escolha surge:
O que Serena deve fazer agora?
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Esquecer e seguir em frente: Vingança alimenta o monstro da mediocridade. Serena não é assim. Ela pode deixar que o próprio peso das mentiras de Siri a esmague com o tempo.
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Procurar vingança: Mas se o sangue ferve e a justiça se confunde com o orgulho... talvez exista um jeito de expor Siri. De usar a mesma arma que ela espalha: a palavra. Mas com mais precisão. Mais honra. E muito mais impacto.
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