A névoa lambe as pedras como língua de animal. O saco de moedas pesa na mão de Serena; o metal frio é promessa e corrente. Os dois homens estão distraídos, rindo baixo — já contavam a divisão do ouro. O menor inclina a cabeça para o outro, gesto que abre o corpo, desprotegido.
Serena respira devagar. Tudo se resume a um movimento: passo, mão firme, lâmina. Não há teatro — apenas eficácia. Em menos de um segundo o beco se enche de silêncio: um suspiro sufocado, um peso que cai, o som da vida cessando como vela soprada. O cheiro metálico da morte mistura-se à umidade da névoa.
Ela afasta os corpos para a sombra do arco, os olhos atentos a qualquer som distante. Nos bolsos e cintos dos homens: moedas — muitas mais do que esperava — eivos de fumaça e lama. Ao vasculhar rápido, encontra:
-
~70 moedas, todas distintas — alguns trocados do mercado, outros de aparência estrangeira;
-
Um anel simples com um brasão surrado, talvez de algum oficial local;
-
Um punhal curto com cabo trançado, lâmina manchada;
-
Um bilhete enrolado e amarrado com fio — manchas de terra e tinta borrada; a palavra “Lahr” ainda aparece.
O silêncio pesa como um aviso: fazer isso aqui foi rápido, mas deixou rastros — marcas de luta, passos furtivos, uma trilha sutil de sangue na pedra. Alguém poderia notar.
Serena segura o saco de moedas. A escolha agora não é só sobre o que levar — é sobre como seguir sem virar presa.
Escolhas imediatas (o leitor decide)
Opção A1 — Levar tudo e desaparecer agora
Serena pega as 70 moedas, o anel, o punhal e o bilhete. Ela enrola os corpos com um manto e os arrasta para uma vala lateral, cobre-os com entulho e parte correndo, deixando rastros mínimos.
Consequência narrativa: ganha fortuna imediata (as 70 moedas ), o punhal e o bilhete que pode conter pistas valiosas; porém, parte apressada pode deixá-la exausta e com impressões que os vigilantes locais notarão — há risco de que os contratantes ou vigilância da vila sigam os rastros. Possível aumento na hostilidade local (alvos de caçadores).
Opção A2 — Levar só o essencial e camuflar a cena
Serena pega apenas as moedas e o bilhete (o anel e o punhal ficam), limpa a cena o máximo que pode: apaga pegadas, arrasta os corpos para um beco menos visível e espalha folhas e areia sobre o sangue. Fica para trás dois sinais mínimos e parte devagar, tentando se misturar entre sombras.
Consequência narrativa: sai com menos riqueza imediata (menos ouro total, mas ainda com um bom adiantamento) e com o bilhete crucial; a cena ficará menos óbvia para quem patrulhar mais tarde, reduzindo a chance de vigilância direta, mas perde o punhal (arma extra) e o anel (possível pista social). Ainda corre o risco de alguém perceber algo faltando (os contratantes podem estranhar o silêncio dos seus homens).
Efeito secundário comum a ambas opções
-
Quem quer que cuide da rua notará a ausência dos homens eventualmente. Se os contratantes forem cautelosos, vão enviar companheiros ou informantes — Serena ganha o ouro e pistas, mas também cria inimigos e suspeitas.
-
O bilhete com “Lahr” é valioso: pode confirmar a trilha da pedreira — guardá-lo com cuidado (ou decifrá-lo) pode ser a diferença entre entrar na toca equipada ou cair numa armadilha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário