sexta-feira, 24 de outubro de 2025

O Brinde ao Bardo do Barril

 Lorena não levanta mais a mão — apenas o olhar.

Um sorriso fino se desenha em seus lábios, e ela fala com calma venenosa:

Lorena:
— Não há o que bater num homem que já apanha da própria língua.

O salão se silencia por um segundo, só para então desabar em gargalhadas. Um dos bêbados imita Brennar tentando cantar, outro começa a declamar versos inventados sobre “o bardo que rima com vergonha”.

Homem à mesa:
— Ei, Brennar! Canta de novo, mas dessa vez sem chorar, hein?

As risadas ecoam como uma multidão de galinhas bêbadas.
Brennar força um sorriso, mas o rosto corado entrega o incômodo.
A fama de tolo, que antes era uma piada de momento, agora cresce — corre de mesa em mesa, de boca em boca, fermentando como o vinho barato da casa.

Narrador:
Dizem que as palavras voam. Naquela taverna, elas tropeçam, caem no barril e saem cambaleando com o nome de Brennar na língua.

Lorena ergue sua taça, como quem sela o destino dele:

Lorena (fria):
— Ao bardo do barril. Que continue rimando… nem que seja sozinho.

Ela bebe, sem tirar os olhos dele.
Brennar fica imóvel, dividido entre o orgulho ferido e o vinho que ainda o chama da mesa.


🎲 Role 1 dado (d6) para o próximo destino:

1–3 → Brennar continua bebendo e ignora todos. Ele tenta rir junto, mas cada gole o afunda mais.
4–6 → Brennar vai pra cima de Lorena. Embriagado e furioso, tenta responder à altura — com palavras ou gestos — e a tensão vira o centro da taverna.

A Sinfonia dos Socos

 Lorena, ainda com a mão ardendo do tapa, ergue o queixo e grita para o salão, como quem convoca um exército:

Lorena (gritando):
— E então, senhores? Vamos deixar esse galo bêbado cacarejar sozinho? Mostrem a ele como se canta com ritmo!

Um murmúrio animado percorre as mesas. Três homens se levantam — cada um mais desajeitado que o outro: um narigudo com o olho vesgo, um sujeito magro feito espeto e um gorducho de riso fácil.

Homem narigudo:
— Ritmo? Eu dou o compasso no queixo dele!

Brennar (erguendo a caneca, tropeçando nas próprias pernas):
— Ora, calma, meus bons bêbados! A música não acabou!

Mas já é tarde. O vesgo o empurra, o magro tenta acertar um soco e acerta o gorducho, que grita e cai sobre uma mesa, esmagando pratos e pão.

A taverna vira um circo: cadeiras voando, gente rindo, o dono gritando “MINHAS CANECAS!”, e Brennar tentando se esquivar, girando com ares de dançarino desgovernado.

Brennar (ofegante):
— Paz! Paz! Já apanhei em rima rica, não me batam em verso pobre!

Lorena, entre gargalhadas, bate palmas como se estivesse no teatro.

Lorena:
— Isso, poetas! Façam-no rimar com dor!

O narigudo tenta dar outro soco, erra e acerta o magro. O magro, por reflexo, acerta o gorducho, que reage empurrando Brennar — e todos vão parar no chão, num amontoado grotesco.

Quando o dono da taverna aparece brandindo uma colher de pau do tamanho de uma espada, todos congelam.

Dono da taverna:
— Mais um copo quebrado e boto todo mundo pra dormir no chiqueiro!

Silêncio.

Brennar, com o olho roxo, o cabelo desgrenhado e um sorriso vitorioso, se levanta e ergue o braço:

Brennar:
— Senhores… declaro encerrada a Sinfonia dos Socos!

A taverna explode em gargalhadas. Até Lorena, com esforço, disfarça o riso atrás da mão.


🎲 Role 1 dado (d6) para o próximo destino:

1–2 → O dono da taverna expulsa Brennar e Lorena, mas um trovão lá fora os obriga a dividir abrigo.
3–4 → Lorena, ainda rindo, oferece um brinde de trégua, mas Brennar desconfia do vinho.
5–6 → Os bêbados pedem que Brennar cante novamente, e ele transforma a briga em uma canção absurda que vira sucesso local.

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

O tumulto


Brennar limpa o rosto, respira fundo e solta uma risada curta, mas a vergonha logo dá lugar à fúria.
Ele bate o punho na mesa, fazendo as canecas tremerem.

Brennar:
— Você acha que pode me ridicularizar assim, Lorena?

O salão silencia. O riso morre, o ar fica pesado.
Lorena cruza os braços, o sorriso ainda no canto dos lábios.

Lorena:
— Eu só brinquei, grandão. Mas se quiser provar alguma coisa, vá em frente.

Brennar se inclina sobre a mesa, o olhar faiscando. O taberneiro dá um passo atrás — já sentiu brigas começarem assim antes.

Agora o leitor deve rolar 1d6 para decidir o rumo da cena:

  • 1 a 3 → Brennar perde o controle e o caos se espalha pelo salão.

  • 4 a 6 → Um loiro de cabelos longos e fala exagerada surge do nada para defender Lorena.

 

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

A Casa de Brennar

 Brennar seguiu pela rua deserta, o corpo de Lorena pendendo em seus braços como um saco de farinha. O vinho ainda escorria do tecido, deixando manchas escuras no chão de terra batida. Quando chegou à própria casa — uma construção simples, de pedra e madeira —, empurrou a porta com o ombro e entrou.

O interior cheirava a fumaça e ferro. No canto, o braseiro ainda crepitava. Brennar depositou Lorena sobre sua cama — uma armação rústica com cobertas de lã ásperas. Ela respirava devagar, os cabelos grudados na testa, o rosto pálido.

Ele ficou olhando por um tempo. A mulher que tantas vezes fizera rir os salões da vila agora parecia apenas uma sombra de si mesma. O som da chuva fina caindo no telhado enchia o silêncio.

Por um instante, Brennar sentiu o cansaço pesar. Seus músculos tremiam de tanto carregar o corpo dela, e o sono começava a vencê-lo. Pensou em deitar-se junto — não na mesma cama, mas no chão, perto da lareira. Ainda assim, algo dentro dele o mantinha desperto: um desconforto, uma inquietação que não sabia nomear.

A lamparina tremulou, lançando sombras nas paredes. Lorena gemeu baixo, murmurando palavras sem sentido. O vestido encharcado deixava o corpo dela frio como pedra, e Brennar sabia que, se não trocasse a roupa molhada, ela podia adoecer de vez.

Ficou parado, indeciso. A noite parecia observar.


Agora escolha:

  1. Descansar. Brennar decide cobri-la com um manto seco e deitar-se no chão, junto ao fogo. Precisa dormir — e torce para que, ao amanhecer, ela esteja lúcida o bastante para rir do próprio porre.

  2. Ajudá-la. Com o rosto tenso e o olhar firme, Brennar decide trocar as roupas molhadas de Lorena para evitar que adoeça. Sente-se constrangido, mas faz o que julga necessário, lutando para manter a decência e a distância entre o dever e o desejo.

O Hospital das Docas

 Brennar atravessou as ruelas úmidas de Lhanor, segurando Lorena como podia. O vinho escorria do vestido dela, pingando no chão como um fio de sangue. Cada passo era um esforço, e o frio da madrugada parecia zombar de sua paciência.

O hospital — uma construção tosca de pedra e madeira, mantida por monges — exalava cheiro de ervas queimadas e vinagre. As lamparinas balançavam sob o vento, projetando sombras que se moviam como vultos vivos.

Ao entrar, Brennar foi recebido por uma mulher de coifa e avental escuro.
— Traga-a para cá — ordenou ela, apontando uma cama próxima à parede. — A Siri Gaita outra vez?

Brennar assentiu, cansado. Lorena gemeu, tentando dizer algo, mas as palavras se perderam em murmúrios embriagados.

Enquanto a curandeira cuidava dela, Brennar percebeu um homem deitado no canto da sala, o corpo coberto por um cobertor de lã grosseira. Uma das pernas estava enfaixada até o joelho, e a pele das mãos trazia marcas recentes de queimadura.

O homem o observava com olhos arregalados — olhos que pareciam não piscar.

— Você trouxe o presságio — disse ele, com voz rouca. — Eu o vi quando o céu ficou claro como sangue.

Brennar franziu o cenho.
— Está delirando, homem.

— Delirando? — o estranho sorriu, mostrando dentes manchados. — Eu vi o fogo, lá nas docas, há três noites. As chamas dançavam como serpentes, e do céu desciam olhos. Olhos imensos, sem pálpebras. Eles viam tudo.

A curandeira se virou, impaciente:
— Não lhe dê ouvidos. Esse é Tassio, um pescador que perdeu o juízo quando os armazéns queimaram. Desde então, só fala em monstros e presságios.

Mas Tassio não parou. Seus olhos fixaram-se em Lorena.
— Ela traz o som. O som que acorda o que dorme. O som que atrai o olhar.

Brennar deu um passo para trás.
— Que som?

Tassio apontou para ela, a voz subindo num tom quase febril:
— A gaita. O sopro dela é um chamado. Quando o céu se abrir de novo, o som vai guiá-los até nós.

Um silêncio denso caiu sobre o salão. Do lado de fora, o vento soprou, fazendo as chamas das lamparinas vacilarem. Lorena, ainda desacordada, soltou um assobio fraco — curto, mas claro, como o som distante de um instrumento.

Tassio arregalou os olhos.
— Começou outra vez… — murmurou, tremendo. — Eles já escutaram.

Brennar sentiu o coração apertar no peito. E por um instante — apenas um — o ar pareceu vibrar, como se o próprio hospital respirasse junto com aquele som.


Agora escolha:

  1. Ouvir Tassio — Intrigado pelas palavras do pescador, Brennar decide se aproximar. Quer entender o que ele viu nas docas e o que sabe sobre o “som que acorda o que dorme”. Há algo no olhar de Tassio que parece loucura… mas também verdade.

  2. Cuidar de Lorena — Brennar ignora o delírio do homem e volta a atenção para Lorena. Pede às curandeiras que façam tudo o que for possível. Ele sabe que, se ela não reagir logo, talvez não desperte mais — e não há tempo para superstições.

domingo, 19 de outubro de 2025

O Bosque e o Monstro de Duas Cabeças

 O vento sopra diferente quando eles cruzam o limite da vila. O chão úmido afunda sob as botas de Brennar, e o bosque os engole como uma boca escura.

Lorena caminha à frente, o vestido varrendo folhas secas, o cabelo solto tremulando sob o luar.
— Aqui… ninguém me julga — diz ela. — Nem mesmo as sombras.

Brennar tenta rir, mas o som morre na garganta. Há algo errado no ar. Um silêncio pesado, como se o bosque segurasse o fôlego.

De repente, um estalo.
Depois outro.
Os galhos à direita se movem.

Lorena para, tensa.
— Não é vento — ela sussurra.

Do breu surge uma forma imensa. Quatro patas grossas como troncos, o corpo coberto de algo que não é bem pelo, não é bem escama.
E duas cabeças — ambas com olhos amarelos e famintos, respirando pesado, cada fôlego um rugido abafado.

O som faz o chão vibrar.

Lorena dá um passo atrás, tropeça.
Brennar segura seu braço.

— O que é isso?! — ele exclama, o coração batendo no peito como um tambor.

— Eu… eu o conheço. — A voz dela falha. — Ele me seguiu uma vez… desde que deixei o castelo.

O monstro se aproxima. Um dos focinhos fareja o ar, o outro rosna.
A luz da lua revela dentes longos, curvados, reluzentes de saliva.

Brennar olha para Lorena — os olhos dela estão arregalados, mas há algo estranho neles: culpa.


🌙 Escolha:

A) Brennar tenta proteger Lorena, empunhando um galho em chamas da fogueira antiga, ainda fumegante.

B) Brennar hesita e começa a correr, puxando Lorena pela mão — a única chance é fugir antes que o monstro ataque.

C) Brennar a encara, desconfiado: “Você disse que ele te seguiu. Por quê? O que você fez, Lorena?”

A Noite de Brennar e Lorena

 Brennar respira fundo e oferece o braço com um sorriso cansado, porém sincero.

— Venha, donzela dos copos e das sombras. As ruas estão frias demais para quem ainda quer rir esta noite.

Lorena hesita, o olhar pesando sobre ele como quem mede intenções, mas logo aceita.
Os dois caminham pelas vielas úmidas. O som distante de risadas se mistura ao vento.

O caminho até a casa de Brennar é curto, mas cheio de silêncios que dizem mais do que palavras. Quando ele empurra a porta, o rangido parece um aviso.

O lume da lamparina acende rostos e sombras.
Lorena entra primeiro, os olhos curiosos explorando o lugar.

— Então é aqui que o trovador se esconde? — ela pergunta, tocando um alaúde encostado à parede.

Brennar sorri de canto:
— Eu não me escondo, Lorena. Só descanso entre uma história e outra.

Ela se aproxima, o vinho ainda visível nos lábios.
— E agora… vai me contar uma nova história, ou vai deixar que eu escreva a minha?

O ar fica mais denso. Brennar sente o cheiro de vinho e madeira queimada misturado ao perfume dela.


🌙 Escolha:

A) Brennar se aproxima e toca-lhe o rosto, curioso com o mistério que ela esconde.

B) Brennar mantém distância, pega o alaúde e começa a dedilhar uma canção, tentando quebrar o clima.

C) Brennar oferece vinho e propõe um brinde: “Às almas perdidas que se encontram por acaso.”

terça-feira, 14 de outubro de 2025

Escape

 O caos dentro da taverna atinge um ponto crítico: mesas tombam, cadeiras voam e gritos se misturam ao tilintar de copos quebrados. Brennar cambaleia, o corpo dolorido, braços roxos e rosto sujo de bebida e poeira. Ele tenta seguir adiante, mas o redemoinho de pessoas e objetos torna cada passo incerto.

Então, um evento externo muda tudo. Uma prateleira carregada de garrafas de vinho desaba sobre uma mesa próxima, o vidro se estilhaça em mil pedaços, e um cão que estava amarrado no canto late alto, chamando atenção de todos. Por um instante, o tumulto desvia-se, olhos se voltam para a confusão repentina, e Brennar aproveita a distração.

Com cuidado, ele se esgueira pelo salão, desviando de mesas tombadas e corpos que correm. Apesar dos hematomas e da sujeira, escapa sem ferimentos graves. O ar fresco da rua parece prometer um breve respiro após a tormenta dentro do barulho.


 Opções para o leitor decidir:

  1. Ir para casa:
    Brennar poderia se dirigir à sua cabana para descansar e limpar-se. A segurança do lar, o colchão duro e a lareira apagada oferecem algum alívio e um tempo para pensar na noite turbulenta.

  2. Procurar Serena:
    A irmã desapareceu no meio do tumulto. Seguir suas pegadas pela rua pode levá-lo a encontrá-la, mas os riscos permanecem, e a confusão da noite ainda ronda cada esquina.

  3. Procurar um bordel:
    No fim da rua, a estalagem vermelha brilha com lamparinas. Lá, Brennar pode distrair-se com vinho, música e companhia, ou até obter informações sobre Serena ou os acontecimentos da taverna com quem presenciou o caos.

Machucado, mas inteiro

 A taverna ainda ecoa com gritos e cacos de vidro quando Brennar se afasta do tumulto. O corpo dói — braços roxos, arranhões no rosto e pernas cansadas —, mas ele se mantém de pé, sobrevivente de um redemoinho de caos. A noite de 2 de fevereiro de 1427 envolve o vilarejo, fria e silenciosa lá fora, exceto pelo som distante de passos apressados e portas batendo com o vento.

O ar fresco da rua atinge-lhe o rosto, misturando o cheiro de terra úmida com fumaça de lareiras vizinhas. O sangue e o suor ainda escorrem, lembrando-lhe da confusão que acabou de passar. Ele cambaleia, indeciso, e percebe que precisa escolher o próximo passo.


 Opções para o leitor decidir:

  1. Ir para casa:
    Brennar pode se dirigir à sua cabana, procurar abrigo e descansar. O calor do fogo apagado e o colchão duro prometem alguns momentos de alívio e reflexão sobre a noite turbulenta.

  2. Procurar Serena:
    A irmã desapareceu durante o caos. Seguir os rastros da confusão, mesmo cambaleando e ferido, pode levá-lo a encontrá-la — mas o risco de se deparar com novos perigos ainda é alto.

  3. Procurar um bordel:
    O fim da rua leva a uma estalagem iluminada por lamparinas. Lá, vinho barato, música de alaúde e companhia podem fazê-lo esquecer, ao menos temporariamente, a confusão e o medo. É um caminho de distração, mas também de informações — algumas mulheres do bordel podem ter visto algo relevante sobre Serena ou sobre a taverna.

Tobias

 Brennar desperta lentamente. A luz fraca do quarto do hospital filtra-se pelas frestas das janelas de madeira, revelando paredes marcadas pelo tempo e pelo uso. O corpo dói a cada movimento; os braços roxos e hematomas lembram-no do caos da taverna. Ao erguer a cabeça, vê um outro paciente na cama ao lado: um homem magro, de cabelos desgrenhados e olhos verdes, com um sorriso torto no rosto e uma cicatriz fina atravessando a bochecha.

— Ah, olha só quem finalmente resolveu acordar — diz o homem, com sarcasmo e um leve riso. — Achei que você tivesse sumido para sempre. Eu sou Tobias. Sobrevivente do mesmo inferno de vidro e cerveja que você, mas ainda inteiro o suficiente para falar.

Brennar geme, apoiando-se nos cotovelos.

— Esse céu… — murmura, apontando pela janela. O céu está tingido de rosa intenso, como se o amanhecer tivesse sido pintado por mãos divinas e impacientes. — Isso é um presságio?

Tobias sorri, meio debochado, meio sério:

— Antigos diriam que é mau augúrio. Dragões, pragas, guerras… ou apenas os deuses se divertindo com os mortais. Mas escute, grandão: você não vai sair por aí ferido desse jeito. Eu posso ajudá-lo — sei como encontrar sua irmã, ou pelo menos rastrear o que aconteceu — mas primeiro precisamos que você se recupere.

Ele apoia a mão no ombro de Brennar, firme:

— Pode esperar, ou tentar ir agora. Mas saiba que sem força você não vai muito longe, e o mundo lá fora… ele não é gentil.


🎭 Opções para o leitor decidir:

  1. Esperar e se recuperar com Tobias:
    Brennar decide ficar no hospital por mais um tempo. Enquanto se cura, Tobias promete treiná-lo, ajudá-lo a se fortalecer e, juntos, traçarem um plano para encontrar Serena e investigar o céu rosa. Isso dará tempo para se preparar, mas o mistério do fenômeno ainda paira sobre o vilarejo.

  2. Não esperar e investigar imediatamente:
    Ignorando os ferimentos e o conselho de Tobias, Brennar decide sair. Ele pode ir falar com vizinhos, consultar o padre, ou procurar os anciãos do vilarejo, tentando entender o que aquele céu cor de rosa significa. Será arriscado, mas a urgência de encontrar Serena e compreender o presságio fala mais alto.

Estalagem Vermelha - o Bordel

 O fim da rua de pedra se abre para a Estalagem Vermelha, uma construção baixa e de madeira pintada com tons desgastados de escarlate. Lamparinas oscilam nas janelas, lançando luz trêmula sobre a calçada molhada, enquanto risos abafados e o tilintar de canecas escapam para a noite. Um aroma de vinho barato e perfumes fortes flutua pelo ar, atraindo Brennar como um chamado distante que promete esquecimento.

Ao entrar, a música de alaúde envolve o salão estreito, misturando-se ao murmúrio das conversas e ao cheiro doce de cera e álcool. Braços quentes e olhares discretos passam por ele, oferecendo distração e companhia sem perguntas — o bordel acolhe quem paga, e não quem pensa demais.

Entre as figuras que se movem pelo salão, uma mulher chama a atenção de Brennar. Ela se aproxima com passos silenciosos, quase flutuando, e sorri com um toque de malícia e compreensão. O cabelo negro cai sobre os ombros, e os olhos verdes brilham como se soubessem de todos os segredos do mundo.

— Meu nome é Liora — diz, inclinando a cabeça, com a voz suave, mas firme. — Vejo que carregas mais que suor e vinho nos ombros, guerreiro. Talvez eu possa ajudar a aliviar isso.

Brennar sente o calor do álcool se misturar com algo mais intenso: curiosidade, desejo, necessidade de esquecer. Agora ele deve escolher:


Opções do jogador:

  1. Divertir-se para caramba:
    Brennar entrega-se à música, ao vinho e à companhia de Liora e das outras mulheres do bordel. Por algumas horas, o tumulto, a culpa e o medo desaparecem, substituídos por risos, calor e prazer. Cada toque e cada nota do alaúde o afasta da realidade por um tempo precioso.

  2. Desenvolver um diálogo com Liora:
    Brennar escolhe sentar-se, segurando a caneca com firmeza.
    — Preciso de respostas — começa ele, com voz embargada pelo álcool.
    Liora arqueia uma sobrancelha, inclinando-se mais perto:
    — Diga-me, Brennar… o que buscas mais? Esquecimento, companhia… ou alguém que veja além do homem trôpego que entra pela porta?
    A conversa pode revelar segredos do vilarejo, informações sobre Serena, ou até pistas sobre o que está acontecendo no céu estranho e no caos recente.

3 de fevereiro de 1427 e o céu rosa

 O caminho para a cabana de Brennar é um corredor de sombras. Ele se apoia no bastão improvisado, desviando das pedras e das poças que refletem a lua, enquanto os campos do vilarejo se estendem à sua esquerda, silenciosos e frios. O cheiro de terra úmida e relva molhada entra pelas narinas, lembrando-lhe de noites mais calmas, distantes do caos da taverna.

Ao abrir a porta da cabana, um suspiro de alívio escapa-lhe. O interior é simples: paredes de madeira negra pelo tempo, uma lareira apagada e um colchão duro coberto de trapos. Cada detalhe parece acolhedor depois da noite turbulenta. Brennar se deixa cair, exausto, sentindo a culpa se misturar com o conforto temporário.

O dia passa lentamente. Quando o sol se levanta, já é 3 de fevereiro de 1427, e Brennar desperta para uma estranheza que o prende: o céu está tingido de rosa intenso, espalhando um brilho irreal sobre os telhados e campos do vilarejo. Ele franze a testa, sentindo o coração acelerar com uma mistura de curiosidade e apreensão.

O silêncio da manhã só aumenta a sensação de que algo fora do comum está prestes a acontecer. Brennar se força a pensar, e diante do céu cor de sangue misturado à luz suave do amanhecer, percebe que precisa agir — mas como?


Três opções para o jogador:

  1. Falar com um vizinho sobre o céu:
    Brennar pode ir até a casa mais próxima e buscar respostas. Talvez alguém mais tenha visto, ou talvez algum presságio antigo esteja sendo cumprido.

  2. Ir atrás de Serena:
    A irmã desapareceu durante a confusão. O céu estranho é um lembrete de que o mundo mudou, e Brennar sente que ela pode estar em perigo novamente.

  3. Se alimentar antes de decidir:
    A fome e a exaustão ainda o pressionam. Comer algo, talvez descansar um pouco mais, pode permitir que ele raciocine melhor antes de enfrentar o que quer que esteja acontecendo.

As autoridades

 O ar frio da noite corta a pele de Brennar, acordando cada nervo entorpecido pela cerveja e pelo caos. Ele respira fundo, o coração martelando, e sente o peso da culpa se misturar com o alívio de ainda estar vivo. Serena está à frente, perdida entre ruas estreitas e sombras longas, mas agora ele precisa pensar no próximo passo: às autoridades.

O caminho até o quartel da guarda é curto, mas tortuoso. As tochas iluminam pouco, e Brennar cambaleia, desviando de carroças abandonadas e poças que refletem a lua. O edifício é simples, de madeira gasta e telhado baixo, mas ainda transmite autoridade.

Dentro, a fumaça de lareira e o cheiro de couro molhado preenchem o ar. Homens acordam com o ranger da porta. Seus olhos estreitam ao vê-lo cambalear para frente, o rosto sujo e olhos injetados de álcool.

Brennar sabe que precisa ser convincente — não apenas pela confusão da taverna, mas também para que eles protejam Serena.


Burocracia e dificuldade:
Os guardas pedem detalhes repetidamente: quem, como, onde. Brennar sente a cabeça girar entre perguntas e formulários improvisados. É lento, irritante, mas necessário. O instinto de sobrevivência fala mais alto: ele precisa registrar a situação, mesmo que eles duvidem de um homem cambaleando com hálito de cerveja.


Duas possíveis falas de Brennar para convencer as autoridades:

  1. Urgência e instinto:
    — “Por favor, rápido! A taverna virou um inferno! Minha irmã está lá dentro, e se vocês não agirem agora,… ela… não vai sair viva!”

  2. Tom de autoridade pessoal:
    — “Sou Brennar, do vilarejo! A confusão não vai parar sozinha! Cada segundo que passam discutindo é um segundo a menos para salvar inocentes!”