O vento sopra pelas vielas desertas, trazendo o farfalhar distante de uma lona solta e o rangido metálico de uma placa mal presa. Brennar segue cambaleando, até que uma silhueta se destaca contra o muro descascado — uma mulher parada sob a luz opaca de um poste, imóvel, como se o aguardasse há horas.
Ela veste um manto escuro que toca o chão, e o rosto está coberto por um véu negro, translúcido o bastante para revelar o contorno de uma boca imóvel, impassível.
— “Brennar…” — a voz soa firme, clara, com uma estranha tranquilidade. — “Você anda em círculos porque ainda não sabe quem é.”
Ele para, o corpo tenso, o instinto dividido entre correr e ouvir.
— “Como sabe meu nome?” — pergunta, a voz rouca.
A mulher dá um passo à frente. A lamparina trêmula reflete em algo metálico sob o manto — talvez uma corrente, talvez um colar.
— “Eu posso mostrar o caminho. Mas só se confiar em mim.”
O silêncio se estende. O coração de Brennar bate forte, e por um instante ele sente o mundo à sua volta distorcer — como se o chão respirasse.
Sem entender bem por quê, ele a segue.
A mulher o guia por uma sequência de ruas desertas e prédios abandonados, até chegar a uma instalação subterrânea escondida sob um armazém em ruínas. Lá dentro, tochas improvisadas iluminam símbolos desenhados nas paredes com uma substância prateada. O ar tem cheiro de ferro e umidade.
No centro do salão, há um círculo feito de velas e cordas, e um altar tosco de pedra coberto por objetos indecifráveis — fragmentos de espelho, penas queimadas, um relógio parado às 3h03.
Brennar sente o estômago revirar.
— “O que é esse lugar?” — pergunta.
A mulher se ajoelha diante do altar e toca o chão com a palma da mão. Quando fala, a voz é quase um sussurro:
— “Recebi o chamado da gosma do céu. Ela fala nas marés, nos sonhos e nas rachaduras da cidade. Disse que o amanhã não deve acontecer. Que o tempo quer se repetir… e que precisamos detê-lo.”
Ela o encara através do véu, e há algo nos olhos — um brilho febril, mas também uma espécie de fé desesperada.
— “O ritual precisa de dois. Eu sozinha não posso fazê-lo. Você… foi escolhido.”
Brennar dá um passo atrás.
— “Escolhido? Isso é loucura. Eu nem te conheço!”
Ela se levanta lentamente, a voz se tornando urgente:
— “Se não fizermos, o mundo acaba ao amanhecer. Tudo se apaga. Você, eu, Serena, todos. O tempo vai se dobrar até engolir o próprio ontem.”
As chamas das velas vacilam. O vento sussurra do lado de fora como um aviso.
Brennar sente o medo apertar o peito. A mulher estende a mão.
— “Ajude-me, Brennar. Ou vá embora e veja o que acontece quando o amanhã tenta nascer.”
🔀 Escolhas de Brennar:
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🔮 Ajudar a mulher no ritual — participar do estranho chamado, acreditando que talvez ela diga a verdade.
Pode ser a salvação do mundo… ou o início de algo ainda pior.
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🏠 Recusar e voltar para casa — dizer que é loucura, abandonar o lugar e tentar fingir que nada aconteceu.
Mas e se ela estiver certa — e o amanhã realmente não vier?