quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Os Chamados da Noite

 Brennar levanta a cabeça da mesa, ainda dentro da taverna. O mundo gira. A iluminação tremeluzente das velas parece dobrar e desdobrar as sombras como criaturas vivas.

A taverna está diferente.
Mais vazia.
Mais silenciosa.

Ou talvez seja só o álcool mastigando a realidade.

Ele pisca, tentando focar. A porta da frente bate com força por causa do vento da madrugada. Brennar sente um arrepio que não tem nada a ver com frio.

E então algo acontece. Três possibilidades — nenhum normal.


1. A Mulher Sensual na Porta da Taverna

A porta range…
E uma mulher entra.

Não qualquer mulher — mas a mais sedutora, estranhamente elegante e fora de lugar que Brennar já viu numa taverna de mercenários baratos.

Vestido rubro colado ao corpo, olhos dourados que brilham no escuro, e um sorriso que parece cortar a alma.

Ela caminha direto até Brennar, como se ele fosse o único naquele mundo.

Você bebe como alguém que quer esquecer. — diz ela, puxando a cadeira para sentar-se à sua frente.
— E você aparece como alguém que quer ser lembrada… — Brennar retruca, meio bêbado, meio hipnotizado.

Ela inclina a cabeça, encantadora.

Venha comigo. Agora. Há algo que você precisa ver.
E sem esperar resposta, se levanta e caminha até a porta…
esperando.

Um perfume estranho fica no ar. Algo doce, mas metálico.
Ninguém no salão parece ter notado a presença dela.


2. O Corvo Gigante na Viga do Teto

Um barulho seco ecoa acima.

Brennar olha para a viga principal da taverna… e quase derruba a caneca.

Um corvo gigantesco, do tamanho de uma criança pequena, está empoleirado no alto, olhando para ele com olhos vermelhos e luminosos.

As penas negras brilham com tons azulados conforme as velas vacilam.

O corvo abre as asas — e um vento impossível varre a sala.

Depois, ele desce, pousando no ombro de Brennar com uma força surpreendente, mas sem machucá-lo.

— Tá… tá brincando comigo… — Brennar gagueja.

A ave aproxima o bico do ouvido dele…

E diz, numa voz rouca, distorcida, quase humana:

— Acorda. Ela está em perigo.

Em seguida, tenta puxá-lo pela roupa, como se quisesse que ele o seguisse para fora.


3. O Estranho do Canto — O Terceiro Olho

Num canto da taverna, onde antes só havia mesas vazias, agora há um homem encapuzado sentado sozinho.

Ele ergue o rosto — e Brennar prende o ar:

Debaixo do capuz, ele tem três olhos.
Dois normais.
E um terceiro, no centro da testa, totalmente branco, sem íris.

Ele ergue o dedo lentamente, apontando para Brennar.

A caçada começou. — diz ele.
— Ou você se move agora…
— …ou eles alcançam a sua irmã primeiro.

O terceiro olho brilha, iluminando a mesa.

Brennar sente algo dentro de si acordar:
Medo?
Raiva?
Ou destino?

O homem some na sombra assim que ele pisca.


Escolhas do Leitor

Agora você decide o próximo movimento de Brennar:

Opção A — Seguir a Mulher Sedutora para fora da taverna

Um caminho sensual, misterioso e possivelmente ilusório.
Ela sabe algo. Ou ele é a presa dela.

Opção B — Deixar o Corvo Gigante guiar Brennar

A ave fala. E parece saber sobre Serena.
Mas seguir um corvo sobrenatural nunca termina simples.

Opção C — Ir atrás do Homem do Terceiro Olho

Talvez seja um profeta.
Talvez um inimigo.
Talvez o único que sabe a verdade.

A Manhã do Céu Rosa

 Brennar desmaiou sobre a mesa como um tronco caindo numa clareira silenciosa. A caneca tombou junto, derramando o rum que escorreu pela madeira, levou consigo o pouco de dignidade que ele ainda tentava guardar e se misturou à baba espessa de um sono turbulento.

As risadas da taverna viraram ecos distantes… depois gotas… depois nada.

Sete horas depois

Um vento frio e irregular bate no rosto de Brennar.

Ele abre um olho.
Depois o outro.
A claridade o fere como uma lâmina. Ele está… na rua.

Deitado no chão, meio sobre uma sarjeta, meio sobre pedras quentes já aquecidas pela manhã. O corpo dói inteiro — uma dor de cabeça pulsante, martelando, como se um ferreiro tivesse instalado sua oficina dentro do crânio dele.

— Ugh… por todos os... — Ele para no meio da frase.

O céu não está azul.
Não está cinza.

O céu está rosa.
Um rosa profundo, vibrante, quase líquido. As nuvens parecem manchas de tinta espalhadas por mãos gigantescas.

Brennar arregala os olhos, ainda meio bêbado, meio sonhando.

— Demônios… só pode ser coisa de demônios…

Ele se senta com esforço, esfrega os olhos. Mas o céu continua lá, rosado, estranho, impossível. A rua está silenciosa demais. Nenhum pássaro canta. Poucas pessoas estão acordadas, e as que estão… olham para o céu como quem encara o fim dos tempos.

A garganta seca, a boca amarga, e Serena desaparecida.
A ressaca e o absurdo da manhã se misturam como se fossem parte de um mesmo feitiço.

Brennar precisa decidir o que fazer — mas o mundo definitivamente mudou enquanto ele dormia.


Agora o leitor deve escolher o próximo passo de Brennar

Você pode escolher diretamente uma opção ou rolar 1d6, se quiser destino ao acaso.


Opção A — Seguir o instinto e procurar Serena imediatamente

Mesmo zonzo, ele tenta seguir pistas: pegadas, sinais na taverna, boatos entre vizinhos.
O céu rosa parece um presságio — e talvez Serena esteja envolvida nesse evento sobrenatural.

Se seguir esse caminho: Brennar encontra um rastro impossível… e percebe que Serena desapareceu de forma não natural.


Opção B — Procurar o sacerdote local

Se o céu rosa for obra demoníaca (como ele acredita no momento), talvez o velho sacerdote saiba algo.
Mas o templo pode estar vazio… ou pior, ocupado por algo que não deveria estar ali.


Opção C — Rolar 1d6 para o destino imediato

1–2 — O mau encontro

Um grupo de homens encapuzados aparece na rua, observando Brennar como se já soubessem quem ele é. Eles avançam.

3–4 — A pista inesperada

Brennar encontra um objeto que Serena deixou cair: um frasco quebrado e um símbolo queimado no chão.

5–6 — A voz do céu

Ele escuta um som vindo de cima — não como trovão, mas como um chamado, guiando-o para fora da cidade.

Partir sozinha

 Serena respira fundo, ajusta o capuz e parte sozinha pela rua lateral, deixando o caos da taverna para trás. O coração martela no peito — não por medo, mas pela certeza de que está indo direto para a toca do lobo.

Ela conhece aquela sensação: o mundo ficando silencioso demais, os passos ecoando como se alguém os contasse, o ar frio que precede a violência.
A cada esquina, Serena se convence de que tomou a decisão certa — se os inimigos a querem, que a encontrem preparada, não presa em uma multidão descontrolada.

Seguindo rastros discretos (pegadas pesadas, marcas de raspão em madeira, o cheiro de couro molhado de mercenários), ela chega a um depósito abandonado na borda da cidade. Lanternas internas se movem. Pessoas falam baixo. O clima é tenso — estão esperando alguém.

Estão esperando ela.

Serena respira fundo, apoia a mão no cabo da adaga e avança nas sombras.

Agora vem o destino.


Confronto Direto — Rolar d6

Role 1d6 para descobrir como Serena se sai no confronto sem Brennar.

1 — Péssima sorte (Fracasso total)

Serena tenta atacar pelas sombras, mas é vista segundos antes.
Uma rede metálica é disparada de cima e a prende.
É capturada.
A última coisa que vê é um homem mascarado dizendo:
— A caçada terminou. Agora respondemos as perguntas.

2 — Ferida grave (Quase morte)

Ela acerta um dos mercenários, mas outro a surpreende pelas costas com uma lâmina curva.
Serena cai, sangrando e zonza.
Consegue fugir rastejando por uma janela quebrada, mas:

  • perde equipamentos,

  • fica debilitada,

  • e terá desvantagem no próximo confronto.

3 — Risco extremo (Sobrevive por pouco)

Um combate rápido e brutal.
Serena derrota dois homens, mas leva um golpe forte no ombro.
Foge tropeçando para a rua, respirando com dificuldade.
Sobrevive — mas alguém a está seguindo.

4 — Confronto equilibrado (Vitória parcial)

Ela luta bem. Atira uma mesa, acerta pontos fracos, derruba três mercenários.
Mas um deles foge e leva informações sobre ela.
Serena vence, mas:

  • o inimigo agora tem seu nome

  • e sabe que ela está sozinha.

5 — Vitória limpa

Serena elimina todos com precisão cirúrgica.
Nenhuma testemunha.
Nenhum ferimento.
Entre os corpos, encontra uma carta cifrada dizendo:

“Se falharem, ativem o portal.”

Um novo mistério se abre.

6 — Vitória crítica (Reviravolta mágica)

Serena derrota os inimigos com facilidade — mas ao matar o último, o corpo dele brilha em luz roxa.
Um símbolo arcano se ativa no chão.
O ar vibra.
O chão abre um portal.
Ela tenta correr…
Mas é engolida pela luz.

(Se tirar 6, você cai no mesmo planeta estranho de outra linha narrativa.)

Esperar por Brennar

Serena se esconde na viela estreita, colada à parede de pedra fria. A taverna continua em alvoroço, e ela escuta, ao longe, o som de móveis sendo arrastados e o riso explosivo de Brennar — ele estava se divertindo mais do que deveria.

A noite está úmida, e a neblina baixa cobre o chão como um véu de algodão sujo. Serena respira fundo, tentando manter a calma. Cada minuto que passa parece mais longo que o anterior. Ela imagina quem poderia estar por trás daquele ataque, mas não tem tempo para concluir o pensamento.

O chão de repente vibra. Uma onda quente sobe por suas pernas, como se o mundo estivesse respirando sob seus pés.

— Brennar…? — ela murmura, olhando em volta.

Então, a viela se ilumina. Um círculo de luz branca e pulsante se abre no solo, expandindo-se como rachaduras brilhantes. Serena dá um passo atrás, mas é tarde: a luz se fecha ao redor de seus tornozelos, sobe pelas pernas, e em menos de um segundo ela é engolida.

Transporte

A sensação é de ser puxada por fios invisíveis, estraçalhada e remontada, até que de repente tudo para. Serena cai de joelhos em solo macio e úmido. A luz se dissipa.

Ela levanta o rosto… e percebe que não está mais na viela. Nem no reino que conhece.

O planeta desconhecido

O céu é de um laranja profundo, quase derretido, atravessado por três luas prateadas que parecem muito mais próximas do que deveriam. O ar tem um cheiro metálico, como chuva prestes a cair.

A vegetação é a primeira coisa que realmente chama sua atenção.

Sim — plantas podem ter cores diferentes do verde. Nesse planeta, elas são prova viva disso:

  • Há arbustos azul-cobalto que brilham levemente, como se tivessem vaga-lumes presos dentro.

  • Cipós roxos pendem de árvores retorcidas, pulsando em tons lilás.

  • O solo é coberto por folhagens largas de cor vermelho ferrugem, que se dobram quando ela pisa, como se tivessem reflexos próprios.

  • Pequenos cogumelos turquesa soltam faíscas suaves quando tocados pelo vento.

E então ela vê os animais.

Serpentes rastejantes de carapaça opalescente deslizam pelo chão, mudando de cor conforme passam entre plantas. Criaturas parecidas com salamandras, mas com quatro olhos luminosos, se arrastam em grupos, observando-a com curiosidade silenciosa.

Serena engole seco. Aquilo não é magia comum. É outro mundo.

Mais adiante, duas coisas chamam sua atenção:

1. A nave espacial

Entre rochas negras que parecem vidro quebrado, repousa um veículo enorme, metálico, meio enterrado no solo. Tem rachaduras pelo casco, luzes azuladas piscando como se lutassem para permanecer acesas. Uma porta lateral encontra-se semiaberta, soltando fumaça fina.

É impossível saber se há alguém vivo lá dentro — ou se foi por causa dela que o portal se abriu.

2. A floresta estranha

À direita, uma floresta densa se ergue. Árvores altíssimas com troncos espiralados em forma de parafuso, folhas em formatos irregulares — triangulares, onduladas, algumas até parecendo mãos. Elas emitem sons suaves, como se murmurassem entre si. Um nevoeiro lilás rasteja por entre as raízes, e a cada minuto uma luz estranha pulsa nas profundezas, como se algo gigantesco respirasse ali.

Serena sente a adrenalina percorrer seu corpo. Ela está sozinha em um planeta desconhecido. E precisa decidir rápido.


Escolha do leitor

Opção A — Ir até a nave espacial

Serena decide investigar o veículo. Talvez encontre respostas, tecnologia, ou alguém que explique porque um portal se abriu exatamente sob seus pés. Mas há risco: se a nave está danificada, qualquer coisa lá dentro pode estar instável… inclusive quem a pilotava.

Opção B — Embrenhar-se na floresta

O instinto de caçadora fala mais alto: tudo em sua experiência diz que uma nave caída é problema. A floresta, por mais estranha que pareça, pode oferecer abrigo, rotas de fuga e pistas sobre a fauna e flora locais. Mas também pode esconder predadores.


Qual caminho você quer seguir?

A — Nave espacial
ou
B — Floresta estranha

O Eterno Retorno: o que é e como essa ideia atravessou a história até hoje

 O eterno retorno é uma das ideias mais antigas da humanidade. Ela diz, de forma simples, que tudo no universo se repete: acontecimentos, eras, seres vivos, mundos inteiros. O tempo não seria uma linha que vai do passado ao futuro, mas um ciclo, como uma roda que gira sem fim.

Abaixo, segue uma linha histórica mostrando como diferentes povos e filósofos imaginaram esse retorno.


1. Povos antigos: o mundo como ciclo

Antes da filosofia escrita, muitos povos já pensavam o tempo como repetição. Isso vinha da observação da própria natureza: dia e noite, estações, colheitas, mortes e renascimentos. Assim, imaginar que “tudo volta” era natural.

1.1. Povos da Índia Antiga (hinduísmo, budismo, jainismo)

Talvez a tradição mais antiga com a ideia de repetição infinita.

  • Para o hinduísmo, o universo passa por ciclos gigantescos chamados yugas e kalpas.

  • O tempo não tem começo nem fim.

  • O cosmos nasce, se desfaz e volta a nascer para sempre.

  • As almas também reencarnam, repetindo vidas sucessivas.

Essa ideia influenciou profundamente várias filosofias orientais.


2. Antigos gregos: o eterno retorno vira filosofia

Os gregos foram os primeiros a escrever sistematicamente sobre ciclos do universo.

2.1. Heráclito (c. 500 a.C.)

Ele dizia que o mundo está em eterno fluxo — e alguns intérpretes acreditam que isso implica ciclos repetidos.

2.2. Os pitagóricos

Acreditavam que as almas voltam muitas vezes, e que grandes eventos podem se repetir.

2.3. Os estóicos (300 a.C.)

Aqui surge a versão mais “científica” do eterno retorno antigo.

Os estóicos acreditavam que:

  • o universo passa por ciclos,

  • tudo termina em um grande incêndio cósmico (ekpýrosis),

  • depois o cosmos renasce exatamente igual,

  • e tudo acontece de novo da mesma maneira.

É uma das versões mais próximas do que Nietzsche diria séculos depois.


3. Idade Média: a ideia quase desaparece

Com o avanço do Cristianismo na Europa, o tempo deixou de ser visto como circular.

Para o cristão medieval:

  • o universo tem um início (Gênesis),

  • uma trajetória única,

  • e um fim final (Juízo Final).

Essa visão linear do tempo substituiu os antigos ciclos.
O eterno retorno praticamente sumiu da filosofia europeia nessa época.


4. Renascimento e modernidade: a ideia reaparece suavemente

Entre os séculos XV e XVIII, alguns pensadores voltaram a brincar com a ideia de ciclos:

  • Giordano Bruno considerava infinitos mundos repetidos.

  • Alguns cientistas viam o universo como uma máquina eterna.

  • Filósofos iluministas imaginavam repetição em escalas naturais.

Mas nada muito sistemático — eram ideias fragmentadas.


5. O século XIX: Nietzsche e o retorno existencial

Em 1882, Nietzsche reformula completamente o eterno retorno.
Ele faz de uma ideia cosmológica um teste psicológico:

“E se um demônio te dissesse: esta vida que você vive se repetirá infinitas vezes, exatamente igual…”

Para Nietzsche, não importa se o eterno retorno é cientificamente verdadeiro.
O importante é como você reagiria a essa ideia.

  • Se isso te desespera, você não afirma a vida.

  • Se isso te fortalece, você vive de forma plena.

É o eterno retorno como critério ético, não como cosmologia.


6. Século XX e XXI: a ciência entra na discussão

Com o avanço da física, cosmólogos começaram a imaginar universos em ciclos.

Algumas teorias modernas incluem:

6.1. Universos oscilantes

Propostos desde os anos 1930 — o universo expande, depois contrai, e recomeça.

6.2. Teoria de Steinhardt e Turok (universo cíclico)

Um cosmos que nasce e renasce em colisões entre “branas”.

6.3. Roger Penrose — Cosmologia Cíclica Conforme (CCC)

Talvez a versão mais elegante atual:

  • Cada “eon” é um universo completo.

  • Após se esvaziar totalmente, o eon gera outro Big Bang.

  • O processo se repete para sempre.

Embora Penrose não diga que os universos são idênticos, a matemática sugere que num número infinito de ciclos, repetição é inevitável.

Assim, o conceito retorna, agora em roupagem científica.


7. Hoje: o eterno retorno ainda faz sentido?

Atualmente, a ideia aparece em três formas:

7.1. Como filosofia existencial (Nietzsche)

Muito discutida em cursos, livros e debates.

7.2. Como hipótese cosmológica (Penrose e outros)

Dialoga com física, entropia, expansão e limites da relatividade.

7.3. Como metáfora cultural

Usada em:

  • filmes (“Matrix”, “Interestelar”, “A Chegada”),

  • séries (“Dark”),

  • literatura e games.

Hoje, poucas pessoas realmente acreditam no eterno retorno como fato.
Mas a ideia continua forte como símbolo, como pergunta filosófica, e até como possibilidade científica.


Resumo final

A ideia do eterno retorno:

  • nasceu na observação cíclica da natureza,

  • foi desenvolvida por hindus e gregos,

  • apagada na Idade Média cristã,

  • recuperada por Nietzsche,

  • e reaparece na física moderna como hipótese de ciclos cósmicos.

É um exemplo perfeito de como uma ideia pode atravessar milênios, renascer em novas formas e continuar inspirando discussões — tanto existenciais quanto científicas.

Por que o “demônio” do eterno retorno de Nietzsche não causaria impacto hoje

 No célebre aforismo 341 de A Gaia Ciência, Nietzsche introduz a imagem de um demônio que aparece e sussurra:

“Esta vida, tal como você a vive agora e tal como a viveu, terá de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e nada haverá de novo nela, mas cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indescritivelmente pequeno e grande em sua vida há de retornar para você, tudo na mesma ordem e sequência…”

É uma passagem poderosa, que Nietzsche usa para propor um teste existencial:
se essa notícia te esmagaria ou te elevaria?
Se te destrói, diz Nietzsche, é porque você ainda não aprendeu a afirmar a vida.

Mas há um problema:
esse teste não funciona no nosso tempo.
E provavelmente nunca funcionou da forma como Nietzsche imaginava.


1. Hoje, saber do eterno retorno não mudaria a vida de quase ninguém

A proposta de Nietzsche só tem efeito moral se o indivíduo realmente acreditar que sua vida ocorrerá infinitas vezes — e se essa crença for capaz de mudar comportamento.

Mas na prática:

  • As pessoas vivem buscando prazer, estabilidade, felicidade e realização.

  • As pessoas não moldam o comportamento com base em “eternidade” ou “destino”.

  • Em nosso mundo secularizado, quase ninguém estrutura sua vida em torno de crenças metafísicas profundas.

Ou seja:

Descobrir que a vida vai se repetir infinitamente não altera o cotidiano moderno.

Porque o cotidiano moderno é guiado por:

  • objetivos imediatos,

  • bem-estar,

  • escolhas pessoais,

  • e não por julgamentos eternos.


2. A comparação com religiosos é reveladora — e mostra o limite da proposta

Nietzsche achava que o eterno retorno funcionaria como o oposto do cristianismo:
um “teste” para afirmar esta vida, não uma promessa sobre outra.

Mas veja a ironia:

  • Nem mesmo as pessoas religiosas, hoje, mudam completamente o comportamento por causa da crença no céu ou no inferno.

  • A maioria crê superficialmente, mas vive normalmente — trabalha, se diverte, erra, acerta, segue a vida.

Se nem a promessa de consequências eternas, baseada em doutrinas sagradas, muda profundamente o comportamento da maioria…

por que mudaria a ideia de repetir a vida infinitamente?

O eterno retorno só teria força sobre pessoas com uma religiosidade intensa — uma minoria hoje, e não tão comum nem no século XIX.


3. No tempo de Nietzsche, o cenário era diferente — mas não muito

Nietzsche escreveu num contexto europeu:

  • ainda fortemente cristão,

  • mas já vivendo um declínio da fé tradicional,

  • e entrando num mundo mais científico, racional e materialista.

Então sua ideia talvez tivesse mais impacto psicológico em 1880 do que teria em 2025.

Ainda assim:

  • a própria Europa da época já não vivia guiada por dogmas religiosos,

  • e Nietzsche só esperava que poucos — os “fortes”, os criadores de valores — passassem no teste.

Ou seja, mesmo no contexto dele, a ideia não era para “a maioria”.


4. O grande ponto: o eterno retorno de Nietzsche funciona como metáfora, não como força real

O teste do demônio é filosófico, não prático.

Mas Nietzsche tenta apresentá-lo como uma espécie de exame de consciência:

“Se essa ideia te esmagaria, então tua vida não vale ser vivida.”

Isso remete à dimensão moral do cristianismo (“como você vive perante Deus?”), que Nietzsche tenta substituir pela afirmação da vida (“como você vive perante você mesmo?”).

Mas na prática:

  • O demônio não muda ninguém.

  • As pessoas continuam vivendo como querem.

  • A maioria jamais reorganizaria a vida por causa de um critério abstrato, infinito e especulativo.

É o mesmo problema que se aplica aos religiosos de hoje:
há crença, mas não prática intensa.


Conclusão: o demônio de Nietzsche não sobreviveria ao mundo atual

O “demônio” do eterno retorno é uma metáfora brilhante, mas não tem força transformadora real hoje — nem para a maioria das pessoas do século XIX.

Porque:

  1. O ser humano moderno vive orientado pelo presente, não pela eternidade.

  2. Mesmo crenças fortes (céu, inferno) já não mudam comportamentos drasticamente.

  3. A vida contemporânea é prática, não metafísica.

  4. A maioria busca apenas viver bem — e isso não mudaria com a repetição eterna.

O eterno retorno, como experimento psicológico, é interessante.
Como força existencial, porém, é inócuo para quase todos nós.

Penrose, o Eterno Retorno e a Lógica Matemática de um Universo que se Repete

 A ideia do eterno retorno sempre pareceu filosofia pura: o universo repetindo a si mesmo, infinitamente, até que cada detalhe da realidade volte a acontecer. Mas nos últimos anos, a física moderna — especialmente a teoria dos ciclos cósmicos de Roger Penrose — reacendeu essa discussão com força surpreendente.

E mais: quando analisamos com cuidado, o eterno retorno deixa de ser apenas metáfora. Ele se torna uma consequência matemática de um cosmos eterno.

Sim: se o universo dura para sempre, ele inevitavelmente se repete.


O Universo Cíclico de Penrose

Roger Penrose, um dos maiores físicos vivos, propôs a Cosmologia Cíclica Conforme (CCC). Nessa visão:

  • o nosso universo não é o primeiro,

  • nem será o último,

  • mas apenas um “eon” dentro de uma sequência infinita de outros universos.

Cada eon começa com um Big Bang, evolui, expande-se e termina num estado tão rarefeito — apenas fótons, nenhuma massa — que o próprio tempo deixa de fazer sentido. Nesse ponto final, por uma transformação matemática elegante, o universo é conectado ao Big Bang do próximo eon.

É como se o fim de um universo fosse a porta de entrada para outro.

E isso se repete para sempre.


Infinitos ciclos + estados finitos = repetição obrigatória

Aqui entra o ponto mais interessante — e raramente discutido:

Se existem infinitos ciclos, e o número de estados possíveis do universo é finito, então o universo é matematicamente obrigado a se repetir.

Essa ideia deriva da chamada Recorrência de Poincaré, um resultado profundo da teoria dos sistemas dinâmicos. Em termos simples:

  • Num sistema infinito em duração,

  • mas com possibilidades limitadas,

  • certos estados retornam novamente.

Mais cedo ou mais tarde, tudo volta.

Não é filosofia: é uma consequência estatística inevitável.

Assim, mesmo que os primeiros ciclos sejam todos diferentes, eventualmente — daqui a trilhões de trilhões de eons — surge um eon idêntico ao nosso, átomo por átomo.

Sim: nós, conversando agora, já “acontecemos” e “aconteceremos” de novo em um eon remoto.


Contrariando Einstein: o tempo não é absoluto

Einstein via o tempo como algo inseparável do espaço: ele nasce com o universo e morre com ele. Não existe “antes do Big Bang”.

Mas Penrose, ao mostrar que o fim de um eon pode se transformar matematicamente no início do próximo, aponta para uma estrutura maior onde:

  • o tempo aparece e desaparece em cada ciclo,

  • mas a totalidade dos eons existe numa espécie de panorama eterno.

É uma visão que ultrapassa a relatividade sem contradizê-la diretamente — apenas revela que a relatividade talvez descreva apenas um capítulo, não o livro inteiro.


E de onde surgiu essa ideia de o tempo nascer com o universo?

Historicamente, essa hipótese veio de três frentes científicas:

  1. Relatividade Geral: o tempo é parte da geometria do universo.

  2. Big Bang: as equações colapsam no início, sugerindo um “começo do tempo”.

  3. Termodinâmica: a flecha do tempo depende da entropia; sem processos irreversíveis, não há tempo.

Mas Penrose argumenta que isso é verdade somente dentro de um eon, não fora dele. No final do ciclo, quando tudo vira luz, a escala temporal perde sentido — e outra surge logo adiante.


Eterno retorno: metáfora ou inevitabilidade?

Unindo todos esses pontos, surge uma conclusão ousada:

Se os eons de Penrose são realmente infinitos, o eterno retorno deixa de ser mito e se torna consequência matemática:
o universo não apenas se recicla, ele eventualmente se repete.

Nietzsche imaginou isso como um desafio existencial.
Penrose, sem querer, ofereceu a estrutura física para torná-lo plausível.
A matemática completa o círculo dizendo: isso não só pode acontecer —
isso vai acontecer, se o cosmos for eterno.

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

O Tempo Além do Universo e a Lógica do Eterno Retorno

 O que existia antes do Universo? O que existirá depois dele?

A cosmologia moderna tenta responder essas perguntas com fórmulas, telescópios e simulações. A filosofia tenta respondê-las com raciocínio lógico, reflexão e coragem intelectual. Entre essas duas abordagens, existe um ponto de encontro que raramente é discutido: a ideia de que o tempo pode não depender do universo.

E é justamente aí que a tese do eterno retorno, tão cara a Nietzsche, ganha força.


O problema do “agora” em um oceano de tempo

Se aceitarmos que o tempo é infinito — ou mesmo apenas extremamente vasto — surge uma questão simples:

Por que estamos vivendo exatamente agora?

Por que não há dez trilhões de anos no passado?
Por que não daqui a um googol de anos no futuro?

A probabilidade de existir exatamente neste instante específico, se o tempo for uma linha imensa ou infinita, é tão pequena que se torna praticamente zero. Como estar no segundo certo de um cronômetro com 10¹⁰⁰ segundos — as chances são desprezíveis.

E se algo é tão improvável que beira o impossível, talvez a explicação esteja errada. A solução lógica pode ser outra:

👉 Este instante não é único.
Ele retorna.
Ele já retornou.
Ele retornará.

É aí que entra o eterno retorno.


A física oficial diz que o tempo nasce com o universo… mas só até a página dois

A Relatividade Geral, que descreve a gravidade e o espaço-tempo, afirma que:

  • o tempo e o espaço surgiram no Big Bang;

  • sem universo, não haveria tempo.

Essa é a ideia padrão ensinada nos livros.
Mas há um grande problema: as equações explodem antes de chegar ao momento zero. A singularidade do Big Bang não é um evento explicável — é uma declaração de ignorância da própria física.

Ou seja:
A física não consegue provar que o tempo nasceu no Big Bang.
É apenas uma hipótese, não uma evidência.

E quando avançamos para teorias mais modernas, o cenário muda completamente.


A física moderna começa a tratar o tempo como algo maior que o universo

Várias teorias contemporâneas — ainda em construção — sugerem que o universo pode nascer e morrer dentro de um tempo maior, mais fundamental.

1. Cosmologia cíclica (Penrose e outros)

Nessa visão, universos surgem, expandem, desaparecem… e dão lugar a novos universos.
O tempo precisa continuar existindo entre um ciclo e outro.

2. Modelos quânticos de surgimento espontâneo

O vácuo quântico, mesmo sem matéria, possui energia e flutuações.
Ele pode gerar universos inteiros.

Se universos brotam do vácuo, o tempo está fora deles.

3. Multiverso inflacionário

Nos modelos de inflação eterna, há um “metatempo” no qual bolhas de universos se formam e se desfazem.

Em todos esses cenários:

👉 O tempo não é criado pelo universo.
O universo é criado dentro do tempo.

E quando esse é o caso, o eterno retorno deixa de ser uma especulação poética e se torna uma consequência lógica.


Se o tempo é maior que o universo, o eterno retorno é inevitável

Se existe um metatempo que não depende do nosso universo, então:

  • não há início absoluto;

  • não há fim absoluto;

  • há apenas transformações cíclicas;

  • há espaço temporal infinito para repetições.

Dado tempo suficiente, qualquer estado possível do universo — inclusive esta vida, este momento, este “eu” — retorna, porque o número de configurações possíveis é finito, mas o tempo é infinito.

É o mesmo princípio matemático que garante que, se você digitar letras aleatórias para sempre, acabará escrevendo Shakespeare repetidas vezes.


A morte do universo não é o fim — é o intervalo

Os possíveis destinos cósmicos não contradizem o eterno retorno.
Eles o fortalecem.

Big Freeze:

O universo morre, o tempo continua, e outro ciclo pode emergir.

Big Rip:

O espaço-tempo se rasga, mas o metatempo pode permanecer, permitindo novo surgimento.

Big Crunch:

O universo colapsa e renasce — o cenário mais naturalmente cíclico.

Em todos os casos, o “fim” do universo é um evento dentro do tempo, não o fim do tempo.


Nietzsche estava à frente da física

Nietzsche não tinha telescópios, equações de campo ou modelos inflacionários.
Mas tinha algo que muitos cientistas perdem: sensibilidade lógica ao absurdo.

Ele percebeu que:

  • se o tempo for infinito,

  • e se as configurações da matéria forem limitadas,

  • então tudo retorna.

A cosmologia moderna ainda não bateu o martelo, mas ela está cada vez mais próxima — talvez sem admitir — de reconhecer que o tempo não nasceu no Big Bang.

E se o tempo é maior que o universo, então a tese do eterno retorno deixa de ser filosofia e se torna uma possibilidade física coerente.


**Conclusão:

Se o universo é finito, mas o tempo é infinito, nós voltaremos.**

O eterno retorno não é misticismo.
É a consequência natural de uma ideia simples:
o agora é tão improvável que só faz sentido se não for único.

Enquanto a ciência avança, a tese de Nietzsche parece menos uma provocação e mais uma visão antecipada do que a física ainda vai compreender: o universo não é um evento único, mas um capítulo recorrente na história infinita do tempo.

O eterno retorno nos cenários cosmológicos

 Curiosamente, os grandes cenários do destino do Universo — Big Freeze, Big Rip, Big Crunch — longe de refutarem o eterno retorno, só fazem sentido se considerados dentro de um horizonte de repetição.


1. Se o Universo acabar no Big Freeze (a morte térmica)

Esse é o cenário mais aceito pela cosmologia atual: o Universo se expande para sempre até tornar-se frio, escuro e morto. Acontece em 10¹⁰⁰ anos, mas “acabar” não resolve nada.
Se o tempo continua, o Universo morto permanece sendo um estado estático eterno. E aí surge o paradoxo:

Por que estamos na fase viva e não na fase morta, que é infinitamente mais longa?

A resposta lógica é simples:
Se existe um ciclo, esta fase viva não é única. Já aconteceu e acontecerá de novo, infinitas vezes. O Big Freeze não é o fim — é apenas um intervalo entre repetições. A morte térmica não é a conclusão do tempo, mas o retorno à possibilidade de reinício.


2. Se houver um Big Rip (o universo se rasga)

No Big Rip, a energia escura cresce até desfazer galáxias, átomos, o espaço-tempo. Mas destruir o espaço-tempo não é o mesmo que destruir o tempo em si. O tempo pode permanecer como um campo vazio, sem eventos — até que um novo Big Bang surja numa região “liberada”.

O Big Rip, então, não seria o fim, mas apenas uma limpeza cósmica, devolvendo o Universo ao ponto inicial.
Se isso já aconteceu antes — e nada impede que tenha — então já existimos em outros ciclos rasgados, em outras versões de realidade, reemergindo do vácuo depois do colapso do contínuo.


3. Se houver um Big Crunch (o colapso total)

Aqui o eterno retorno se torna quase inevitável.
No Big Crunch, tudo volta para um único ponto — praticamente um novo Big Bang preparando-se para acontecer. É literalmente um ciclo físico, uma cosmogonia circular. A física séria já considera isso uma possibilidade matemática sólida.

Se o Universo colapsa de volta ao mesmo estado inicial de energia e densidade, não há razão para que uma nova expansão não reproduza — com variações mínimas ou exatas — o mesmo conjunto de eventos.
Somos, então, parte de um cosmo pulsante, que exala e inspira eternamente.

Nietzsche ficaria satisfeito: aqui o eterno retorno não é filosofia, é mecânica.


E o que havia antes do Universo? E o que haverá depois?

A cosmologia não consegue escapar dessa pergunta:
se houve Big Bang, houve antes.
E se haverá um fim, haverá depois.

Mesmo que não exista matéria, energia ou espaço, o tempo — enquanto possibilidade de mudança — precisa existir para que a transição entre estados seja possível. Sem tempo, não haveria “antes”, não haveria “depois”, não haveria Big Bang.

Assim, o tempo não nasce com o Universo: o Universo é que é um episódio dentro do tempo.

E se o tempo é maior que o Universo, então todos os instantes possíveis — inclusive este que você vive agora — tornam-se estatisticamente insignificantes. Para que “agora” exista, ele precisa ser um instante recorrente num ciclo temporal infinito.


Conclusão: O eterno retorno é a resposta natural

A tese do eterno retorno não é misticismo, não é religião, não é otimismo ingênuo. É uma solução racional para três problemas profundos:

  1. A improbabilidade absurda do agora.

  2. A existência de tempo antes e depois do cosmos.

  3. Os cenários físicos reais do fim do Universo.

Se o Universo fosse único, se houvesse apenas uma chance, se o agora fosse um ponto aleatório num oceano infinito de tempo… simplesmente não estaríamos aqui.

Ou o cosmos retorna eternamente, ou aceitamos que estamos vivendo um instante cuja probabilidade matemática é indistinguível de zero.

Nietzsche não acreditava no eterno retorno por superstição.
Ele acreditava por lucidez.

E, olhando para a cosmologia moderna, talvez ele estivesse alguns séculos à frente.

domingo, 16 de novembro de 2025

Serena Vence — A Princesa de Punhos Firmes

 O barulho dos copos quebrados e das risadas cessa por um instante. O foco vira um só: Serena. Com a destreza de quem herdou mais que honra, ela agarra o braço de Siri e, com uma torção limpa e certeira, a joga de costas no chão. Um estalo ecoa, seco como madeira rachando. Siri grita, mas não consegue se soltar.

O punho de Serena desce. Uma, duas, três vezes. Cada golpe é tão pesado quanto o silêncio que cai após o terceiro impacto. Siri, com o lábio rasgado e o olhar aterrado, tenta se levantar, mas o joelho de Serena a mantém presa. A taverna explode em aplausos — e Brennar gargalha, levantando seu caneco como se assistisse a um show de feira:

— “É isso, irmãzinha! Mostra pra ela como se faz!”

Os colegas de Siri finalmente se lançam para resgatá-la, puxando-a pelos braços, mas ela ainda cospe sangue, e um insulto fraco, mas cheio de veneno:

— “Isso... isso não acabou!”

Serena se levanta, o peito arfando, e olha para o salão. Há respeito nos olhares, há medo. E, por alguns poucos segundos, há silêncio. A princesa ruiva fez valer seu nome — e seu próprio código. Mas a raiva, a adrenalina... ainda estão ali. Latejando.


📜 O que fazer agora?

  1. Bater mais — descarregar tudo: Você ainda vê Siri caída, amaldiçoando sua existência. Bater nela de novo não é justo. Mas seria tão... satisfatório. Uma forma de deixar claro que ela nunca deveria ter cruzado seu caminho.

  2. Se retirar — dominar a si mesma: Vitória é vitória. E às vezes, sair por cima é deixar o inimigo se afogar nos próprios medos. Todo mundo já viu o que Serena é capaz de fazer. O reinado dela não precisa de mais sangue hoje.

Siri resiste — A Rivalidade Ganha Raiz

A briga termina antes que a carne fique marcada, mas o veneno já está em dose suficiente. Dois braços peludos surgem por entre a multidão, puxando as duas pelos colarinhos, como se fossem gatas de rua. Os bêbados riem, os copos quebrados anunciam o silêncio e, pela primeira vez em muito tempo, Serena sente o gosto amargo da impotência.

Ela cospe sangue e ódio. Não por ter perdido — mas porque Siri sorri.

— “Tsc... nunca me imaginei lutando com uma mal-amada dessas.” — Serena diz, a voz arranhada, mas firme. — “Todo mundo sabe que ela se vende até por um copo de cerveja rala. Vive de encher a boca de veneno falando da vida dos outros, tentando se sentir menos irrelevante.”

Alguém atrás dela ri e diz que é verdade, que Siri espalhou boatos sobre o padeiro, sobre a mulher do ferreiro, sobre a mãe de um marinheiro que deixou a cidade jurando que nunca mais voltava.

— “Ah, ela é boa de brigar... mas só com quem ela acha que vai apanhar mais.” — continua Serena, limpando o sangue do lábio. — “Sabe o que é? Ela é vazia. Nem consegue dormir sem pensar em quem pode provocar no dia seguinte.”

Siri, ainda sendo contida por mãos firmes, solta uma risada rouca.

— “Vai chorar agora, princesa?”

Serena vira de costas, mas o coração acelera. Ela sabe que essa guerra não acabou. Talvez nunca acabe. E é aí que a escolha surge:


O que Serena deve fazer agora?

  1. Esquecer e seguir em frente: Vingança alimenta o monstro da mediocridade. Serena não é assim. Ela pode deixar que o próprio peso das mentiras de Siri a esmague com o tempo.

  2. Procurar vingança: Mas se o sangue ferve e a justiça se confunde com o orgulho... talvez exista um jeito de expor Siri. De usar a mesma arma que ela espalha: a palavra. Mas com mais precisão. Mais honra. E muito mais impacto.

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Eterno Retorno

 Tudo se repetirá, da mesma forma que já foi um dia. Negar isso é ir contra a lógica. Tudo o que há se repetirá num ciclo infinito. Tudo se transforma, nada se perde. Ou, caso isto esteja incorreto, outros big bangs poderão surgir. Outros universos, num futuro infinito. A ciência atual fala em big Crunch. Sim, é possível. Depois de infinitos big bangs, poderíamos retornar. Isto é hipótese, nossa única certeza é o eterno retorno. Como este acontece, não sabemos. O como só importa se isso alterar o fim. Não altera este fim, mas... existirão outros fins nos tempos infinitos do meio?

domingo, 9 de novembro de 2025

O reencontro e o monstro

 Brennar desperta horas depois, a cabeça latejando. Dentro do bolso, o bilhete ainda está ali — amarrotado, mas legível.

“Siga-me quando estiver só. — S.”

A lembrança do rosto da irmã o atravessa como um raio. Ele sai sem falar com ninguém, as ruas ainda cheirando a fumaça e sangue velho. A névoa cobre tudo.

Na estrada ao norte, Serena o espera encostada num marco de pedra. As roupas estão salpicadas de lama, o olhar firme, cansado.
Nenhum dos dois fala por um tempo. Só o vento.

Brennar: — Achei que você estivesse morta.
Serena: — Estive quase. Foi Rhalvek. Ele mandou caçadores atrás de mim. Disse que eu sabia demais.
Brennar: — Rhalvek… ainda controla o porto?
Serena: — E metade dos matadores de aluguel da província.

Ela puxa o manto e mostra um mapa amarrotado. Linhas riscadas, nomes de vilas riscados, um círculo vermelho sobre a Pedreira de Lahr.

Serena: — Se quisermos respostas, é pra lá que temos que ir.
Brennar: — E se ele estiver esperando?
Serena: — Então deixamos de correr.

Eles seguem pela trilha antiga, o ar cada vez mais denso, o som dos grilos morrendo conforme avançam. O luar reflete nas poças, e o cheiro muda — ferro, carne e algo queimado.

O primeiro ruído vem de trás das árvores: um passo pesado, outro, o estalar de ossos.
Depois, o rugido.

Da escuridão, surge uma criatura de duas cabeças, corpo de urso e pele que parece pulsar sob a luz rosada do céu. As duas bocas rosnam em descompasso, salivando fumaça.

Brennar ergue a lâmina. Serena já tem o punhal na mão.

Serena: — Não é natural.
Brennar: — Nada mais é.

O chão vibra quando o monstro se lança sobre eles.


Escolhas do leitor

Opção 1 — Lutar juntos.
Serena e Brennar enfrentam o monstro diretamente. A chance de vitória depende da rolagem de 1d6:

  • 1–3: Sofrem ferimentos graves, mas conseguem matá-lo — descobrindo algo estranho no corpo da criatura.

  • 4–6: Conseguem derrotá-lo ilesos, encontrando um símbolo gravado sob a pele — o selo de Rhalvek.

Opção 2 — Fugir pela floresta.
Eles recuam para o bosque, tentando despistar a criatura. A fuga pode levá-los a uma caverna antiga… ou direto para uma emboscada de Rhalvek.

O bilhete esquecido

O salão atrás dela ainda fervia de gritos e pancadas quando Serena desapareceu pela porta lateral.

A névoa a recebeu como um véu protetor, fria e silenciosa.
O bilhete já estava no bolso do casaco de Brennar, e ela contava que ele o encontrasse antes do amanhecer.

Mas a noite passou.
E o irmão não veio.

Do alto de uma colina próxima, Serena observava as luzes da vila. Esperou até o último lampião apagar, até o canto dos bêbados cessar. Nenhum sinal dele. Só o cheiro de vinho, chuva e arrependimento no ar.

Ela se afastou, amaldiçoando a própria esperança.


No dia seguinte

O primeiro som veio do vento — um estalo seco, como madeira se partindo.
Depois, o céu.

Rosa, pulsante, respirando como um ser vivo. As nuvens ardiam por dentro e lançavam sombras impossíveis sobre as casas.
Serena voltou à vila às pressas, o coração martelando.

O que encontrou foi um silêncio que feria.
Corpos imóveis, vitrificados.
E então — gritos.
Uma mulher parada no meio da rua começou a queimar sem fogo, dissolvendo em luz, como se o próprio ar a devorasse.

Serena recuou, encostando-se a uma parede. O cheiro era doce, quente, quase humano.
No chão, algo refletiu o brilho do céu: uma moeda deformada, derretida nas bordas, ainda quente.

Ela olhou ao redor. Ninguém mais se movia. Só o céu, vibrando, observando.


Escolhas do leitor

Opção 1 — Pegar a moeda.
Serena sente um calor estranho vindo dela — um pulso rítmico, quase como um batimento. Pode ser uma pista… ou uma sentença.

Opção 2 — Fugir da vila.
A intuição grita para sair dali. O ar pesa, e o brilho do céu parece descer. Talvez haja tempo — talvez não.

Finge assalto, desaparece

 A névoa lambe as pedras. Serena percebe o momento exato em que os dois homens se distraem — um risca o chão com a bota, o outro se vira para cuspir.

A voz dela muda, rouca e firme:

— Quietos. O ouro vem comigo.

O som metálico de uma lâmina curta corta o ar. Um golpe certeiro, mas não fatal — o bastante para que pareça um assalto de rua. Serena espalha moedas, racha uma garrafa contra o muro e desaparece na névoa, deixando atrás o eco do falso crime.

Horas depois, o beco está vazio e o ouro é só dela.
Ela dorme com o saco de moedas escondido sob o manto.

Ao amanhecer, o mundo se torna outro.
O céu rosado pulsa, como carne viva. As nuvens ardem por dentro, e o ar vibra — como se algo lá em cima tentasse atravessar. Pessoas correm, algumas caem e começam a queimar sem chama, dissolvendo em cinzas.
O cheiro é doce e insuportável.

Serena observa do alto de um muro. As moedas estão mornas na sua mão.
Há vozes vindo do norte — um murmúrio, um chamado.


Escolhas do leitor

Opção 1 — Fugir para o norte
Seguir o chamado e tentar escapar da vila. A trilha da pedreira pode ser o único caminho seguro — se é que ainda existe segurança.

Opção 2 — Investigar a vila
Ficar e descobrir o que está acontecendo. As mortes, a luz no céu, e talvez o que aquelas moedas realmente significam.

Traição calculada

 A névoa cobre os três como um véu. Serena mantém o olhar baixo, os dedos ainda tocando o ouro na palma. Os dois homens se entreolham, certos de que a conversa terminou.

— Então estamos combinados — diz o maior, estendendo a mão calejada.

Serena força um sorriso, calculado.
— Combinados — repete, com voz mansa.

Ela sabe que confiança é só uma forma lenta de morrer.
Deixa a tensão diminuir, o peso da conversa cair no ar, e quando os dois desviam o olhar por um instante — talvez para conferir a rua, talvez por puro descuido — Serena move-se como uma sombra.

Um passo.
Um golpe.
O beco volta a ficar em silêncio, exceto pelo som seco de algo caindo no chão.

O menor tenta reagir, mas o frio da lâmina corta o som da respiração. Serena os deixa tombar devagar, sem gritos. O ouro está de volta em sua mão — mas há mais.

No casaco do homem maior, um mapa dobrado e um bilhete de rotas comerciais, manchado de cera. No bolso do outro, um medalhão com brasão, e um fragmento de papel com o nome “Lahr” e um símbolo estranho: três linhas cruzando um círculo.


🎲 Teste de Traição — Role 1d6

1 — Erro fatal:
Um dos homens não cai de imediato. Ele grita antes de morrer, e o som ecoa pelos becos. Serena precisa fugir às pressas, deixando parte do ouro e rastros evidentes.

Consegue 40 moedas e o mapa, mas será procurada.

2–3 — Barulho suspeito:
O golpe é certeiro, mas o corpo cai pesadamente, ecoando na pedra. Um dos moradores abre uma janela — sombras se movem.

Serena recupera 60 moedas e um dos papéis (o bilhete “Lahr”), mas deve fazer um teste de Furtividade se quiser escapar sem ser vista.

4–5 — Execução precisa:
Ela age com frieza e precisão. Nenhum som, nenhuma testemunha.

Ganha as 70 moedas, o mapa e o bilhete “Lahr”.
+1 em futuros testes de iniciativa — está mais confiante, fria e focada.

6 — Golpe perfeito e descoberta valiosa:
Serena faz parecer um roubo, não uma execução. Os corpos estão dispostos de modo convincente, o ouro e os pertences parecem fruto de assalto comum.

Obtém as 70 moedas, o mapa, o bilhete “Lahr” e o medalhão com brasão — que pode ser usado futuramente para abrir portas sociais (ou enganar alguém).
Ganha vantagem em interações com figuras da vila por um tempo curto.

Fim silencioso

A névoa lambe as pedras como língua de animal. O saco de moedas pesa na mão de Serena; o metal frio é promessa e corrente. Os dois homens estão distraídos, rindo baixo — já contavam a divisão do ouro. O menor inclina a cabeça para o outro, gesto que abre o corpo, desprotegido.

Serena respira devagar. Tudo se resume a um movimento: passo, mão firme, lâmina. Não há teatro — apenas eficácia. Em menos de um segundo o beco se enche de silêncio: um suspiro sufocado, um peso que cai, o som da vida cessando como vela soprada. O cheiro metálico da morte mistura-se à umidade da névoa.

Ela afasta os corpos para a sombra do arco, os olhos atentos a qualquer som distante. Nos bolsos e cintos dos homens: moedas — muitas mais do que esperava — eivos de fumaça e lama. Ao vasculhar rápido, encontra:

  • ~70 moedas, todas distintas — alguns trocados do mercado, outros de aparência estrangeira;

  • Um anel simples com um brasão surrado, talvez de algum oficial local;

  • Um punhal curto com cabo trançado, lâmina manchada;

  • Um bilhete enrolado e amarrado com fio — manchas de terra e tinta borrada; a palavra “Lahr” ainda aparece.

O silêncio pesa como um aviso: fazer isso aqui foi rápido, mas deixou rastros — marcas de luta, passos furtivos, uma trilha sutil de sangue na pedra. Alguém poderia notar.

Serena segura o saco de moedas. A escolha agora não é só sobre o que levar — é sobre como seguir sem virar presa.


Escolhas imediatas (o leitor decide)

Opção A1 — Levar tudo e desaparecer agora
Serena pega as 70 moedas, o anel, o punhal e o bilhete. Ela enrola os corpos com um manto e os arrasta para uma vala lateral, cobre-os com entulho e parte correndo, deixando rastros mínimos.
Consequência narrativa: ganha fortuna imediata (as 70 moedas ), o punhal e o bilhete que pode conter pistas valiosas; porém, parte apressada pode deixá-la exausta e com impressões que os vigilantes locais notarão — há risco de que os contratantes ou vigilância da vila sigam os rastros. Possível aumento na hostilidade local (alvos de caçadores).

Opção A2 — Levar só o essencial e camuflar a cena
Serena pega apenas as moedas e o bilhete (o anel e o punhal ficam), limpa a cena o máximo que pode: apaga pegadas, arrasta os corpos para um beco menos visível e espalha folhas e areia sobre o sangue. Fica para trás dois sinais mínimos e parte devagar, tentando se misturar entre sombras.
Consequência narrativa: sai com menos riqueza imediata (menos ouro total, mas ainda com um bom adiantamento) e com o bilhete crucial; a cena ficará menos óbvia para quem patrulhar mais tarde, reduzindo a chance de vigilância direta, mas perde o punhal (arma extra) e o anel (possível pista social). Ainda corre o risco de alguém perceber algo faltando (os contratantes podem estranhar o silêncio dos seus homens).


Efeito secundário comum a ambas opções

  • Quem quer que cuide da rua notará a ausência dos homens eventualmente. Se os contratantes forem cautelosos, vão enviar companheiros ou informantes — Serena ganha o ouro e pistas, mas também cria inimigos e suspeitas.

  • O bilhete com “Lahr” é valioso: pode confirmar a trilha da pedreira — guardá-lo com cuidado (ou decifrá-lo) pode ser a diferença entre entrar na toca equipada ou cair numa armadilha.

Investigar discretamente antes

 Serena decide que correr para a pedreira seria burrice.

Em vez disso, passa as noites colhendo rumores e os dias estudando os arredores da vila.
No mercado, disfarçada sob o capuz, escuta camponeses falando de uivos metálicos que ecoam do norte — como se algo grande raspasse garras no ferro da pedreira.

Na taverna, um mapa antigo na parede mostra a trilha de Lahr, mas há rabiscos sobre a área da pedreira: sinais, linhas e uma palavra quase ilegível — “fechada”.
Mais tarde, ao observar o bosque de longe, Serena encontra pegadas fundas, semelhantes a de um urso, mas mais longas, com marcas de dedos... humanos.

O ar cheira a ferro e podridão.
Ela sente que há algo errado ali.


🎲 Teste de Investigação — Role 1d6

1 — Descoberta indesejada:
Serena é surpreendida por dois guardas que patrulham os limites da pedreira.

“Ei! O que faz bisbilhotando aqui?”
Ela precisa improvisar — mentir, fugir ou lutar.

2–3 — Rumores confusos:
Ela ouve histórias contraditórias — uns dizem que é uma fera, outros, um espírito.
Nada concreto, mas o medo nas pessoas é real.

Nenhuma vantagem prática, apenas inquietação.

4–5 — Pistas úteis:
Serena encontra um fragmento de couro coberto de pelos azulados e percebe rastros de acampamento: outros caçadores já passaram por ali.

6 — Revelação oculta:
Sob uma pedra coberta de musgo, Serena descobre um símbolo gravado — três linhas cruzando um círculo.
Ela se lembra de um antigo relato sobre criaturas invocadas por rituais subterrâneos.

Ganha um ritual de proteção (mitiga o primeiro ferimento recebido).

Comprar armas e suprimentos 🛒

 Serena observa as moedas reluzirem à luz da lua, o frio do metal contra a pele. Não é muito, mas o suficiente para se preparar melhor. Ela decide não agir com pressa — afinal, pressa é o primeiro passo para a morte.

Atravessa as vielas adormecidas da vila até o Mercado Inferior, onde o cheiro de ferrugem, carvão e couro domina o ar. O vento sopra cinzas de uma forja ainda acesa — a Ferraria de Marn, o único lugar onde se pode comprar algo decente a essa hora.

O ferreiro é um homem de ombros largos, barba trançada e um olho de vidro que reflete o fogo da forja. Quando Serena entra, ele ergue o olhar, avaliando-a com um meio sorriso.

— A essa hora? — diz ele, a voz grave. — Caçada ou fuga?

Serena pousa o saquinho de moedas no balcão de madeira queimada.
— Caçada. Algo grande, no norte. Preciso de ferro e couro.

O ferreiro solta uma risada seca e começa a exibir suas mercadorias, penduradas em ganchos atrás dele.


Inventário de Marn, o Ferreiro

(Serena tem 18 moedas de prata.)

  1. 🗡️ Faca de Caça — lâmina curta e afiada, leve o bastante para combate rápido e silencioso.
    💰 Custo: 6 moedas
    🎯 Bônus: maior chance de acerto em ataques rápidos.
    ⚠️ Ideal para Serena, combina com agilidade e precisão.

  2. ⚒️ Machado de Mão — pesado, feito para força bruta.
    💰 Custo: 10 moedas
    🎯 Bônus: dano alto, mas lentidão nos movimentos.
    ⚠️ “Não combina com você, garota leve como vento”, comenta o ferreiro.

  3. 🗡️ Espada Curta Reforçada — equilibrada, resistente, com punho de couro trançado.
    💰 Custo: 14 moedas
    🎯 Bônus: boa defesa e alcance médio.
    ⚠️ Exige manutenção frequente.

  4. 🧥 Colete de Couro Endurecido — protege o peito e ombros contra garras e presas.
    💰 Custo: 8 moedas
    🎯 Bônus: reduz ferimentos em ataques diretos.
    ⚠️ Pode restringir movimentos ligeiramente.


Serena também pode visitar o Armazém de Ylsa, uma mulher magra e atenta, conhecida por vender de tudo — de cordas a poções.

Ylsa a recebe com um olhar desconfiado.
— Caçadores estão aparecendo feito moscas desde que surgiram os boatos. O que procura?

Itens de Ylsa (Armazém da Vila):

  1. 🧴 Frasco de Bálsamo de Ervas (cura leve) — 5 moedas

  2. 🪢 Corda trançada (10 metros) — 3 moedas

  3. 🕯️ Tochas (3 unidades) — 2 moedas

  4. 🍖 Ração seca (2 dias) — 2 moedas


Escolhas do Leitor

A) Comprar a faca de caça e cole­te de couro, gastando 14 moedas — leve e equilibrado.
B) Comprar a espada curta e ração seca, gastando 16 moedas — versátil, mas pesada.
C) Comprar o machado e o bálsamo de ervas, gastando 15 moedas — aposta na força.
D) Economizar e levar apenas faca de caça e tochas, gastando 8 moedas — opção prudente, sobra ouro para o futuro.