terça-feira, 14 de outubro de 2025

O objeto misterioso

A neblina parece respirar — uma garganta de pedra e sombra, úmida e viva. Serena hesita na entrada. O manto vermelho gruda-lhe às pernas, encharcado pelo suor e pela pressa. A fumaça do salão ainda dança atrás dela, mas aqui o mundo é silencioso, exceto pelo som distante de asas e o gotejar de água nos paralelepípedos.

Ela avança. A neblina sobe até os joelhos, fria, quase tátil, como se tentasse segurá-la. A cada passo, a respiração fica mais curta, não de cansaço, mas de pressentimento. Há algo ali.

Quando seus olhos se acostumam à penumbra, ela o vê: um brilho metálico, discreto, no chão à frente. Parece uma pequena caixa, antiga, com entalhes quase apagados e uma dobradiça enferrujada. Nenhum som, nenhum movimento além do bater de asas acima.

Serena se ajoelha, os dedos pairando sobre o objeto. Há algo de estranho — uma vibração sutil, um murmúrio distante, como se a caixa contivesse um fragmento de voz ou de lembrança.

Ela sabe que há dois caminhos possíveis:

  • Ignorar o chamado, seguir adiante pelo beco, deixando que o destino do objeto se perca entre a névoa e o tempo.

  • Investigar, tocar a caixa, abrir o lacre antigo e descobrir o que pulsa dentro dela — correndo o risco de que aquilo não queira permanecer adormecido.

A neblina, silenciosa, parece aguardar sua escolha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário